Opinião

Azevêdo sofre pressão dos seus liderados para definir pistas sobre 2026 - Por Nonato Guedes

O governador João Azevêdo (PSB) tem se referido, com certa frequência, ao que chama de “ansiedade” da imprensa por antecipação de definições

Foto: Divulgação
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O governador João Azevêdo (PSB) tem se referido, com certa frequência, ao que chama de “ansiedade” da imprensa por antecipação de definições sobre chapas no seu esquema político para as eleições de 2026.

Dá a entender que essa cobrança lhe provoca um certo agastamento, porque dá a impressão de que os repórteres querem, a todo custo, pautar as decisões políticas que cabem aos líderes e às chefias partidárias. Além do mais, o chefe do Executivo considera que sua prioridade, no momento, deve ser o foco na gestão, até para que ela corresponda na oferta de resultados decorrentes de ações e obras de impacto.

Tem dito que há um somatório de recursos para investimentos em programas que já estão balizados pelo seu governo e que os resultados irão aparecendo dentro do cronograma traçado, junto com seus auxiliares, para dinamizar a gestão estadual. “2026 deve ser tratado em 2026”, repete o governador, visivelmente empenhado em pôr um ponto final nas especulações e, principalmente, nas cobranças.

Errado João Azevêdo não está quanto ao conteúdo da questão em tela, mas o governante se perde na forma quando tenta deter uma escalada inevitável, já que a antecipação de temas eleitorais tem sido praxe no processo histórico vigente na Paraíba, diante do interesse despertado pela política que, em última análise, é até auspicioso num cenário de alheamento que se verifica no plano nacional, provocado por polarizações acirradas que extrapolaram os limites do equilíbrio e descambaram para confrontos extremistas em eleições recentes.

O Brasil mantém-se refém do antagonismo entre o lulismo e o bolsonarismo, como expoentes de correntes que passaram a predominar, em detrimento das articulações de bastidores que buscam, inutilmente, viabilizar uma terceira via no plano institucional. Esse antagonismo produz derivações ou reflexos nos Estados, afetando diretamente as situações locais e posicionando os respectivos atores dentro dos clichês da conjuntura nacional.

É fenômeno que grassa de São Paulo ao Piauí, não havendo no horizonte sinais de que venha a cessar tão cedo.

Em termos concretos, na realidade paraibana, o governador João Azevêdo sofre a pressão dos seus liderados para avançar na definição de pistas sobre o cenário de 2026.

Tal pressão tem lá sua razão de ser, em primeiro lugar diante da multiplicidade de postulantes a cargos na chapa majoritária que vai representar o esquema governista no embate das urnas e em segundo lugar diante da constatação de que forças políticas adversárias já estão caindo em campo no trabalho minucioso de costura de apoios ou mesmo de promessas de apoios para a disputa vindoura, com incursões ostensivas em cima da própria base governista, como tem se verificado da parte do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), candidato à reeleição no bloco de oposição e que se movimenta para conquistar adesões independente de cor partidária ou alinhamento.

Ou seja: o processo está sendo deflagrado pelos próprios políticos, comprometidos com projetos pessoais de sobrevivência e temerosos de exclusão das posições mais importantes e mais cobiçadas do tabuleiro para o próximo ano. É natural que a oposição saia na frente porque ela está motivada pela revanche e sequiosa para acumular forças a fim de fazer frente ao denominado rolo compressor da máquina oficial.

A arenga do governador com a imprensa mira o alvo equivocado mas talvez seja parte de uma estratégia sua para não alimentar, desde agora, o enredo do confronto que se desenha.

Por outro lado, é do máximo interesse do chefe do Executivo manter sob seu controle o andamento do processo eleitoral e sucessório no Estado, com isto reforçando sua própria liderança e posição, já que aparentemente ambiciona seguir na atividade política, possivelmente concorrendo a uma das cadeiras ao Senado em jogo no pleito que se avizinha.

As especulações entre os próprios políticos não descartam, nem mesmo, uma candidatura ao governo do deputado federal Hugo Motta (Republicanos), recentemente coroado ao se eleger presidente da Câmara dos Deputados com a possibilidade de pleitear recondução ao cargo caso se mantenha nos limites do Parlamento.

A especulação sobre Hugo governador já havia adquirido força lá atrás e é evidente que sua ascensão fulminante no cenário nacional reforça a possibilidade e o sentimento de expectativa junto a correligionários políticos na Paraíba.

Até mesmo interlocutores da confiança do governador João Azevêdo têm dito que o gestor socialista precisará se advertir da necessidade de apressar o passo no jogo político para não ser colhido por surpresas desagradáveis no calor das decisões propriamente ditas, referentes à formação de chapas, para as eleições de 2026.

Lembram os informantes que o esquema de João correu riscos, sim, na campanha de 2022, ao se acomodar diante do rompimento de Efraim Filho (União Brasil), que acabou construindo uma candidatura vitoriosa à única vaga de senador sob plebiscito.

O bloco de João bateu cabeça depois que o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP) refugou a hipótese de ser candidato ao Senado e demorou a fixar-se na opção Pollyanna Dutra (PSB), que dispôs apenas de 45 dias de campanha para tentar reverter o favoritismo de Efraim e fazer frente, ainda, ao ex-governador Ricardo Coutinho (PT) que se aventurou a uma reabilitação dificílima.

Todos esses fatos estão na mesa de João Azevêdo para análise judiciosa, isenta de paixões ou preconceitos, mas levando em conta a sua responsabilidade de conduzir o esquema à manutenção da hegemonia no quadro político da Paraíba.

Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba