opinião

As semelhanças não são meras coincidências - Por Rui Leitão

O presidente candidato à reeleição se apropriou dele e foi assim que se despediu no recente debate promovido pela TV Bandeirantes.

“DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA ” é o lema que marcou o movimento conhecido na História como Ação Integralista Brasileira, em 1932, liderado por Plínio Salgado, inspirado no fascismo italiano. O presidente candidato à reeleição se apropriou dele e foi assim que se despediu no recente debate promovido pela TV Bandeirantes.

O integralismo dava ênfase à figura do chefe como fonte máxima de poder. Algo muito parecido com a postura autoritária do atual mandatário da Nação, quando desrespeita as instituições democráticas, chegando a dizer “a Constituição sou eu”. Comportamento próprio dos regimes totalitários, onde a palavra do líder jamais pode ser questionada. Sua propaganda doutrinária se baseia num falso moralismo e amor cívico.

Para sorte nossa esse movimento não foi bem aceito. Ficou facilmente percebido que havia um interesse em ludibriar a mente dos brasileiros sendo alvo, portanto, de severas críticas. Apresentava-se, falsamente, como um movimento de renovação social, mental e política. O medo do comunismo colocado como pauta na retórica proclamada, estimulando a luta contra o “inimigo interno”.

A bandeira da trilogia: Deus, Pátria e Família, defendida ardorosamente, tentando passar a impressão de que eles eram os únicos que se interessavam pelo destino da Nação, com as bênçãos divinas e pregando o falso moralismo. Fundamentavam-se na ideia da luta do bem contra o mau.

Qualquer semelhança com o ideário político do bolsonarismo, não é mera coincidência. Repetem-se os discursos da valorização nacional ufanista, da defesa da família tradicional, dos valores morais, contra a ilusória ameaça comunista. O integralismo fracassou no Brasil, o que nos anima a acreditar que o movimento contemporâneo que se assemelha, também terá vida curta. Num país pluricultural como o nosso, desconsiderar as diferenças entre os cidadãos, usando o nome de Deus em vão e, na prática, contrariando o discurso moralista, não prospera. Articulações golpistas perceptíveis provocam uma reação coletiva em sentido contrário. No Brasil dificilmente vc encontra quem não acredita em Deus, não ama a Pátria e não respeita e valoriza a Família. O Deus cristão zela pelo amor ao próximo, não prega o armamentismo, nem homenageia os torturadores. Ele é paz, fraternidade e justiça social. Não estimula os discursos de ódio. Não divide, Ele une.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão