Por toda a Paraíba, há todo um florescer de pré-candidaturas em cidades cujos prefeitos não poderão mais se candidatarem a reeleição. Principalmente em Campina Grande e João Pessoa, as duas maiores cidades paraibanas quando se trata de fatores políticos. Na Capital, há diversas pré-candidaturas que já se apresentam dentro dos diversos grupos políticos que poderão figurar no pleito real. Dentre os governistas há uma cartela cheia de opções, enquanto a oposição também enche uma aquarela com todas as suas cores.
Mas é necessário atentar-se que dentro desta grande gama de pré-candidaturas, que vão se apresentando neste período anterior a realização das convenções partidárias, muito menos do que a metade delas sobreviverá. Muitas destas pré-candidaturas, na realidade, já nascem fadadas a morte, seja pelo baixo apoio popular ou pelo fato de que o real alvo do pré-candidato não seja a faixa de prefeito. No segundo acho até interessante, pois tais candidaturas são fáceis de reconhecer e o candidato que, na realidade, busca fortalecer seu cacife como parlamentar ainda garante uma eleição mais quente ao ir para o tudo ou nada contra adversários pelos quais não teme ser derrotado, triste é quando os mesmos passam todo o período eleitoral tão sem graça quanto um picolé de chuchu. Já na primeira possibilidade, a não aceitação de alguns pré-candidatos que eles mesmos não possuem condições nas ruas de se sagrarem vencedores em uma eleição, apenas polui o jogo político e tende a enfraquecer agrupamentos.
Nesta semana, falarei sobre a série de pré-candidaturas que se apresentam em João Pessoa e que não resistirão à disputa. Muitas delas irão morrer antes mesmo da decisão final dos seus partidos e grupos, mas outras se manterão e prosseguirão se arrastando por todo o pleito. Estes são realmente como o nadador de Guiné-Equatorial, Eric Moussambani, que nadou nos Jogos Olímpicos de Verão em Sidney, no ano de 2000, e que registrou o tempo mais lento da história nos 100m livre. Enquanto o jovem africano, que nunca havia entrado em uma piscina olímpica em sua vida, tentava concluir a prova os narradores ingleses até mesmo afirmaram que ele iria se afogar antes de concluir os 100 metros.
A insistência no caso do nadador e de muitas outras histórias que vemos ao longo da vida é algo muito belo e elemento central de grandes histórias de superação, mas na política é um verdadeiro pecado capital. Apenas uma boa leitura dos cenários e da vontade popular permite que nomes cresçam na política em relação aos seus adversários, mas a insistência pela conquista de espaços que não lhe cabem ou que foram perdidos ao longo do tempo apenas resultam no apequenamento destes. Fazendo esta leitura, enxergo algumas das pré-candidaturas que irão se afogar antes de chegarem a praia da vitória eleitoral.
Ao meu ver, a única pré-candidatura que respira bem e nada de braçada durante este período é a do comunicador Nilvan Ferreira. O radialista cajazeirense hoje reúne os fatores que em situações normais já lhe dariam uma grande musculatura eleitoral e que em um período de pandemia, em que os candidatos terão dificuldades ainda maiores para fazerem seus nomes circulares dentre o eleitorado, se mostram fundamentais. Primeiramente, Nilvan tem o apoio de uma grande legenda, o MDB é o principal partido da história política do Brasil e da Paraíba. O partido que é comandado pelo senador José Maranhão tem realmente uma grande penetração em todos os municípios do estado e a Capital não foge a regra. O radialista é muito conhecido pela população e tem uma vasta aceitação pelos setores mais populares e vem com um discurso afiado dos anos debatendo sobre política no rádio inclusive com alguns destes que serão seus adversários em 2020.
Mas, por outro lado, há vários nomes que vem dando várias braçadas sem nem mesmo conseguirem sair do lugar. Os primeiros nomes que deverão se afogar, sem mesmo conseguirem sair de perto do ponto de partida, são os três secretários da Prefeitura Municipal de João Pessoa, que se descompatibilizaram de seus cargos buscando o apoio de Luciano Cartaxo. Mas mesmo que Luciano Cartaxo se decida em apoiar Diego Tavares, Daniella Bandeira ou Edilma Ferreira a sua já característica demora deverá fazer com que estes estejam muito atrás na disputa e termine por já não alcançarem mais os adversários até o final do primeiro turno. Num momento em que nomes já vem sendo confirmados sem medo e buscando dialogar com a população no tênue limite que existe entre a campanha e a pré-campanha, ficar aguardando uma definição pode ser o mesmo que ter uma pedra amarrada ao seu calcanhar.
Outras candidaturas que tem tudo para não irem para frente são as do PSB e do PT. Os girassóis com certeza lançarão um nome, afinal Ricardo Coutinho ainda busca se apresentar como uma das principais lideranças políticas da Paraíba, mas é inconcebível acreditar que o partido consiga se erguer em João Pessoa de debaixo dos destroços que a Operação Calvário jogou sobre a legenda, ao desvelar um grande escândalo envolvendo o seu principal cacique, suas maiores lideranças e a sua gestão tão premiada.
Pelo mesmo motivo que o Partido dos Trabalhadores apresenta a candidatura de Anísio Maia, mas seria um excesso de boa vontade acreditar que o parlamentar tem condições de chegar até o segundo turno. Da mesma forma que o PSB vive seu inferno astral na Paraíba, o PT recebeu a efigie da corrupção nacionalmente desde o surgimento da Operação Lava Jato e esta mácula vem dificultando seus resultados eleitorais desde então. Além das próprias fragilidades que o partido apresenta por si só, há as dificuldades em relação ao nome de Anísio Maia, que não é a opção mais forte dos petistas. Esta opção seria o Padre Luiz Couto, que preferiu seguir como secretário no governo de João Azevedo. Anísio não conseguiu nem mesmo garantir um lugar para chamar de seu na Assembleia Legislativa nas últimas eleições ficando como suplente. A candidatura parece mais uma forma de fortalecer o nome de Anísio na cidade e fazer uso do fundo eleitoral ao qual os paraibanos tem direito.
Neste mesmo sentido de candidatura que possui toda uma aparência de lançamento que mais aparenta ser para fortalecer um nome para uma disputa parlamentar em 2022, fazer uso do fundo eleitoral e do tempo de tela que o partido detém e atender a anseios nacionais é a de Julian Lemos. Enquanto o PSL tem todo um pacote que lhe permitiria colocar um nome para ser o vice de uma das chapas vencedoras e assim fortalecer o partido que é pequeno na Paraíba e que precisa construir uma base agora que perdeu o presidente Jair Bolsonaro, sua executiva nacional acredita ter condições de lançar um nome para comandar a cidade pelos próximos quatro anos. Julian apesar de já ter anos como militante ainda é um nome jovem na política local e não tem o mesmo peso que seus adversários, sem o apoio do presidente Jair Bolsonaro que foi seu principal cabo eleitoral não é muito fácil enxergar suas possibilidades de se sagrar vencedor na disputa.
Ainda pelo lado da direita, há o nome de Ruy Carneiro, um nome que recentemente conseguiu recuperar sua cadeira de deputado federal após um ciclo de quatro anos sem mandato eletivo. Impulsionado pela recente vitória eleitoral e buscando recuperar o prestígio do PSDB em João Pessoa, Ruy se lança como pré-candidato, talvez um dos primeiros a terem a coragem de assim se apresentarem e de virem discutindo propostas ao longo de 2020, mas não vejo o nome do candidato forte dentre a população pessoense. Caso o desejo seja fortalecer o próprio nome para não ter de amargar um novo ciclo longe de Brasília, podemos considerar uma boa estratégia, mas caso o desejo de se tornar chefe do executivo municipal seja real, Ruy precisará nadar muito para ultrapassar seus adversários e obter um resultado diferente daquele que vivenciou quando foi derrotado por Ricardo Coutinho em 2004.
Quanto a possíveis nomes que sequer foram lançados como pré-candidatos eu me permitirei o direito a não falar nada, pois aqueles que não adentram o jogo, tal como cartas fora do baralho não devem ser contabilizados. Posso estar enganado e algum destes que apontei como candidatos ao afogamento eleitoral terminar demonstrando ser o dono de um grande fôlego que o levará até as frias águas da Prefeitura Municipal de João Pessoa, mas até o momento estas candidaturas que enumerei se apresentam com todas as qualidades para caírem fora do páreo ao fim do primeiro turno.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba