Abrindo espaço numa agenda repleta de pendências – com urgências “semanas de atraso” – o presidente Jair Bolsonaro recebeu ontem 14.01.2021, o ex-prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues, num encontro que consumiu quarenta minutos do seu preciosíssimo tempo. O momento foi inoportuno. Chefe da Nação vive grandes tensões com as eleições para presidentes da Câmara e Senado, COVID-19; calendário nacional de vacinação; diplomacia para acelerar na ANVISA liberação da vacina FIOCRUZ; calamidade pública na Amazônia; posse do novo presidente dos Estados Unidos…
Contestando o proverbio Português “Rei morto, Rei posto”, Romero Rodrigues recém “apeado” do cargo, além de mostrar prestígio junto ao presidente Bolsonaro, revelou a existência de um misterioso “túnel” – até então desconhecido – que ligava a Prefeitura de Campina Grande ao Palácio do Planalto (?). O fato surpreende, pela postura de seus principais aliados: Clã Ribeiro, adversários do Presidente. Cássio e Pedro Cunha Lima, idem. Romero (2018) não elegeu – com seu apoio direto – nenhum deputado federal ou senador. Quem “estreitou” a relação?
A demonstração de força de Romero, surte efeito midiático perecível, com precedentes históricos, como por exemplo, o empenho de Lula em eleger Roberto Paulino e José Maranhão (2002/2006) e uma última tentativa frustrada em 2010. Saudoso Júlio Rafael, esteve presente nos três eventos, desempenhando a importante missão de “rachar” o PT, trabalho que levou a cabo com brilhantismo. Que falta fez Júlio a Cássio em 2014… Partiu prematuramente em junho de 2013.
Todos recordam os feitos exitosos de Júlio Rafael – com poio de seu amigo e confidente Zé Dirceu – criando os comitês: Lula lá (PT), Cássio cá (PSDB), em João Pessoa e Campina Grande, quando PT e PSDB estavam numa disputa renhida pela presidência da república. Estes episódios, apontam para uma logística indiscutível: construção de candidaturas, se inicia pelas bases (alicerce) e não pelo “teto”.
Provavelmente, conselheiros políticos de Romero Rodrigues apostam no radicalismo direita x esquerda nas eleições de 2022. Estão corretos. Mas, quem representará as esquerdas na Paraíba? João Azevedo é centro. O esquerdismo do PSB (Ricardista) e PT de Luís Couto/Anastácio, são barcos a deriva. Um nome “psolista”?
O mapa do resultado das urnas de 2020, mostrou com clareza que o “radicalismo” estabelecido entre direita x esquerda, é um tema debatido em nível nacional, abrangendo questões que na visão do eleitor, só o Presidente da República e o Congresso Nacional têm competência para resolver. Não está na alçada, nem no poder de caneta de um governador ou prefeito.
Romero se lançou. Aparecerá uma terceira postulação? Caso contrário, o pleito de 2022 será decidido em primeiro turno.
Fonte: Júnior Gurgel
Créditos: Polêmica Paraíba