A estratégia do senador tucano Cássio Cunha Lima para 2018 se orientou até agora pela necessidade de sobreviver a todo custo como umas das principais lideranças estaduais da Paraíba.
Movimentos dos últimos dias parecem indicar uma mudança nessa estratégia que pode levá-lo a optar por uma “derrota honrosa” – o termo não é meu – caso os lances projetados há alguns meses pelo governador Ricardo Coutinho se efetivem até abril.
O status político atual Cássio adquiriu em 2002, quando se elegeu governador e passou a dividir com José Maranhão o outro lado da gangorra eleitoral que, até 1998, pertenceu a seu pai, Ronaldo Cunha Lima.
A cassação do mandato de governador por corrupção eleitoral em 2009 lançou uma sombra sobre o futuro do herdeiro político dos Cunha Lima, o que forçou-o a uma aproximação com o então prefeito de João Pessoa e liderança ascendente à época, Ricardo Coutinho.
RC fez em 2010 o caminho que todas as vitoriosas lideranças de esquerda no Nordeste fizeram para quebrar a disputa intra-oligárquica e se constituir logo depois como um polo político e social aglutinador.
Essa aproximação acabou por resultar na aliança eleitoral que, em 2010, acabou por se constituir num poderoso palanque para Cássio, fator inquestionavelmente decisivo para sua eleição para o Senado.
Cássio sobreviveu a 2010. Oito anos depois e uma derrota para o governo no meio, entretanto, Cássio Cunha Lima se encontra mais uma vez na mesma encruzilhada. E numa encruzilhada muito mais complicada.
Em 2010, o quadro era mais simples. Não havia alternativa eleitoral viável no campo do cassismo (a candidatura de Cícero Lucena era apenas uma miragem) e José Maranhão, então governador e candidato à reeleição, aglutinava um imenso bloco de partidos, com destaque para o PT e Lula.
O desafio para Cássio é muito maior em 2018. Juntar de novo a oposição, agora contra o governador Ricardo Coutinho, é uma engenharia política cada vez de difícil realização.
Primeiro, porque na oposição parece ter hoje muito cacique para pouco índio − dois prefeitos das duas maiores cidades paraibanas e um senador e ex-governador.
Além disso, a liderança de Cássio não só já não é a mesma, mas é cada vez mais contestada dentro e fora do PSDB.
E tanto Romero Rodrigues quanto Luciano Cartaxo demostram mais dúvida do que certezas de que vão mesmo renunciar a seus cargos para enfrentar uma disputa que promete ser dura e que só acontece seis meses depois da entrega dos cargos – e seis meses em política é uma eternidade, principalmente se nos cargos de vice se encontram lideranças historicamente não-identificadas com os titulares.
Caso nem Romero Rodrigues nem Luciano Cartaxo renunciem aos cargos para serem candidatos, restaria hoje à oposição o nome de José Maranhão, para cujo palanque fluirá não apenas a oposição paraibana, mas será ele o palanque do bloco nacional que indicará o candidato a presidente da aliança PMDB-PSDB (dinheiro não vai faltar!)
Imaginemos a hipótese de Ricardo Coutinho ser candidato ao Senado. A situação de Cássio se complicaria ainda mais, porque, nesse caso, teríamos uma vaga a ser disputada. Cássio arriscaria?
Por isso, com Romero e Cartaxo na iminência de roer a corda, sobraria para Cássio o sacrifício da candidatura, para evitar que ela caia no colo de Maranhão. Como prêmio de consolação em caso de uma derrota, Cássio projetaria ainda mais o filho e criaria as condições para ser o candidato natural a suceder Romero Rodrigues.
Nesse caso, Cássio conseguiria o apoio de Cartaxo?
Eis a questão.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Flávio Lúcio