Opinião

Aglomerações na campanha não garantem votos, mas provocam a rejeição dos sensatos - por Felipe Nunes

Tal iniciativa deveria ser a prioridade de todos os partidos e candidatos que têm estima pela vida de seus eleitores, mas o fato de a iniciativa partir de iniciativas do TRE, demonstra como, não só parte da militância, mas futuros prefeitos estão tratando o vírus: de maneira irresponsável e até criminosa.  

Partiu do presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE), o desembargador José Ricardo Porto, o apelo mais recente para que candidatos e partidos evitem a realização de eventos eleitorais com aglomerações nestas eleições, já que, em decorrência do coronavírus, o estado voltou a registrar alta na quantidade de mortes pela Covid-19.

Para tentar conter o avanço da pandemia durante o pleito, uma reunião está marcada para o dia 20 de outubro, com todos os juízes eleitorais do estado, a fim de conscientizá-los ‘de forma objetiva’, sobre as orientações da corte contra as aglomerações, já que ainda não há uma decisão eficaz para todo o estado capaz de uniformizar todos os eventos.

Tal iniciativa deveria ser a prioridade de todos os partidos e candidatos que têm estima pela vida de seus eleitores, mas o fato de a iniciativa partir do TRE, demonstra como, não só parte da militância, mas futuros prefeitos estão tratando o vírus: de maneira irresponsável e até criminosa.

Candidatos sem máscaras ou com o equipamento no queixo, apertos de mão sem cuidados e até beijos desafetuosos em idosos, os mais vulneráveis à Covid-19, demonstram de antemão quem são aqueles que estarão à frente de nossas prefeituras. Falta-lhes educação e consciência ou sobra-lhes soberba?

Nem mesmo os quase 3 mil óbitos registrados na Paraíba foram capazes de parar as grandes aglomerações em passeatas em cidades paraibanas. É uma constatação desoladora, que demonstra um apreço imenso pelo voto dos eleitores, mas um desprezo muito maior pelas vidas daqueles que hão de votar em 15 de novembro.

Em breves palavras, concluo destacando que defendo ardentemente as liberdades individuais, sobretudo quando a democracia está em jogo. Não sou a favor de que canetadas impeçam a manifestação democrática deliberadamente. Não sou a favor da intervenção do Estado na vida dos eleitores, quando eles estão respaldados pela lei, e isso não é um paradoxo. Mas o fato de a Justiça Eleitoral da Paraíba ter de agir, em uma situação extrema, quando não há bom senso, demonstra o quão atrasados estamos enquanto irmãos que deveriam ter pelo outro o sentimento de empatia e respeito.

Além do mais, aglomerações, paredões de som, bebedeiras e badernas, sobretudo no contexto de uma pandemia, não garantem votos, mas provocam a rejeição dos sensatos. E eu sou um deles.

Felipe Nunes – jornalista formado e diplomado. Mestrando em Jornalismo.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba