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“Fogo amigo” à vista, união, ou mais jogo político montado estrategicamente pelo habilidoso deputado Adriano Galdino? Por que todo mundo quer Adriano Galdino nos dois biênios? Essa é a pergunta que não quer calar. Qual é o segredo da prosperidade que possui o parlamentar pocinhense que aglutina tanta gente em seu entorno? Será que o presidente da Casa de Epitácio Pessoa possui tanta gente leal a ponto de se tornar quase uma unanimidade?
Porém, como disse Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”. E no meio disso tudo, ainda vale lembrar que na política cotidiana pode existir aquela velha “botija” que, quando aberta, serve para presentear os aliados como forma de “lembrança de natal”, ainda que de forma atrasada – já que as eleições só se darão em fevereiro de 2023. Mas, sem sombras de dúvidas, para alguns será compensatória a espera, pois fará a alegria dos atores coadjuvantes.
Todos nós sabemos que um dos principais pilares da democracia é a alternância de Poder, porém deixar alguém permanecer por tanto tempo à frente da Presidência da Assembleia Legislativa é algo no mínimo curioso.
Pelo visto, parece que o deputado Adriano Galdino se tornou mesmo um expert em vencer eleições no Poder Legislativo Paraibano. É óbvio que isso é fruto de seus próprios méritos. Todavia, mesmo com todas essas sucessivas vitórias, será que não cabe nenhum questionamento crítico em volta desse formato de fazer política? Pois é preciso entender que temos uma sociedade pensante e uma mídia muito exigente que começa a refletir se essas estratégias não são uma forma de perpetuação de Poder.
Além disso, essas ações podem inexoravelmente transparecer que há algo previamente montado, com o objetivo de favorecer apenas aos seus próprios interesses, principalmente entre os parlamentares aliados, pois terão melhores posicionamentos na Mesa Diretora, o que aumenta o Poder de barganha na hora de escolher os melhores cargos cujos salários são maiores.
Aliás, com todas as venhas que temos ao destemido presidente da Casa de Epitácio Pessoa, diga-se de passagem, tem sido muito competente nas articulações junto aos seus pares, mas ficar dez anos comandando o Poder Legislativo, caso seja eleito nos dois biênios, não será de bom alvitre para quem prega “democracia e uma sociedade mais justa”. Essas conjunturas podem ser consideradas quase que a implantação de um império, gerando uma relação conflituosa entre a ética e a política, como disse Nicolau Maquiavel em seu livro “O príncipe”: “E suscitou uma discussão mais profunda a seu respeito, que depois dela, ninguém pôde pensar as relações entre ética e política como antes”.
A verdade é que empurrar a candidatura de Branco Mendes (Republicanos) até uma decisão do próprio Adriano Galdino em disputar os dois biênios, pode até ser uma forma planejada do atual presidente da Assembleia Legislativa, entretanto, soa aos ouvidos da população como se fosse uma montagem de má-fé, pois se não desejaria apoiar Branco para um dos biênios porque não o comunicar com antecedência, embora ainda falte mais de um mês para a eleição da Mesa Diretora.
“A política não deve ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer justiça” (Sócrates). Quiçá, esse tipo de posicionamento pode até custar caro ao próprio Adriano Galdino em seu futuro político, embora saibamos de sua postura, sempre muito equilibrada. Se já foi alinhado com os seus pares de que seria Branco Mendes o presidente da Casa Legislativa no primeiro biênio e, de repente, de forma casuística, mudar tudo só para atender suas ambições próprias ficaria muito deprimente para o deputado Adriano Galdino que tem perspectivas de galgar voos mais alto em 2026.
Enquanto isso, a gente observa que o Executivo, cada vez mais, prefere não se envolver diretamente, mesmo estando acompanhando tudo de pertinho, mas já é bom “ficar de olho” com a possibilidade de eleição e reeleição de Adriano Galdino, pois caso venha acontecer, haverá vários desdobramentos nas próximas eleições municipais e estaduais, já que toda essa formatação do Republicanos, sem sombras de dúvidas, já é visando 2024 e 2026, onde é caso concreto que o partido comandado por Hugo Motta que prega lealdade ao governador poderá se transformar no futuro em uma grande dor de cabeça nas configurações políticas, principalmente com os Progressistas e o PSD de Daniela Ribeiro, já que ambos brigam por espaço e miram na sucessão de João Azevedo e por mais duas novas vagas ao senado federal em 2026.
Diante de tudo isso, vemos que ninguém é ingênuo a ponto de não enxergar o que vem em breve. Quem viu os conflitos das eleições políticas de 2024, observou um grande acirramento já dentro do sistema governista, mesmo o governador João Azevedo sendo um político muito prudente e parcimonioso. Agora imagine o que vem em 2026 com Adriano Galdino na presidência da Assembleia e junto com o Republicanos. Não temos dúvidas de que será muito mais efervescente do que em 2024.
Por fim, vamos acompanhar todos os desdobramentos da eleição da Assembleia Legislativa e o que pode acontecer com esse possível “fogo amigo” do Republicanos, e que ainda poderá vir grandes novidades até o dia 1º de fevereiro, quando da posse dos parlamentares e a escolha da Mesa Diretora para os dois biênios. Quem viver, verá.
Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba