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A SURPRESA HERON CID - Por Júnior Gurgel

A coordenação política do governador João Azevedo optou por “estratégia militar” para enfrentar guerra eleitoral de outubro próximo, usando sua principal arma: “o elemento surpresa”. Convidou o jornalista Heron Cid para disputar uma das vagas na Câmara dos Deputados pelo PSB. O fenômeno mexeu com todos. Principalmente com os atuais deputados federais aliados do governador que tentarão se reeleger. E os novos postulantes? Ricardo Barbosa e Murilo Galdino? Em entrevista que acabamos de ouvir/assistir no Youtube – já do outro lado do balcão como entrevistado – Heron Cid deixou pistas de que poderá ser candidato ao Senado (?).

Jornalistas, radialistas e comunicadores (apresentadores de TV) de um modo geral, sempre estiveram presentes na vida pública, tanto no Parlamento como no Executivo. Chagas Freitas, jornalista e depois dono do seu próprio matutino “O Dia” (RJ), foi governador do Estado do Rio e do Estado da Guanabara. Não teve filhos, seu herdeiro político foi o Jornalista Miro Teixeira. Carlos Lacerda, contemporâneo de Chagas Freitas, governou também o Rio de Janeiro, levou Vargas ao suicídio, Jânio à renúncia e foi um dos principais mentores da queda de João Goulart. Barbosa Lima Sobrinho, o jornalista fundador e eterno Presidente da ABI – Associação Brasileira de Imprensa, governou Pernambuco. Na briga das oligarquias, foi a escolha (tertius) apaziguadora de Vargas.

O Clã político dos Alves no Rio Grande do Norte, foi fundado pelo jornalista Aluízio Alves. Deputado Federal Constituinte de 1947, esteve no Parlamento seis vezes e foi governador do RN. Puxou seu irmão Agnelo Alves, igualmente jornalista, que foi prefeito de Natal, Parnamirim; deputado estadual e elegeu seu filho três vezes prefeito de Natal. Garibaldi Alves, sobrinho de Aluízio (radialista), foi deputado estadual, prefeito de Natal; Senador da República por duas vezes, e governador eleito e reeleito

Álvaro Dias e Osmar Dias, do Paraná, iniciaram suas vidas profissionais como radialistas. Impulsionados pelos ouvintes, ambos conquistaram mandatos de deputado estadual, federal, senador e governador.

Heron Cid, nos últimos quatro anos é o nome mais conhecido da Paraíba. Comanda uma cadeia de emissoras de rádio, é ouvido diariamente nos mais distantes grotões do Estado. Tem um portal de notícias, onde escreve. Está conectado com as redes sociais, onde é visto (telespectador). Quem desfruta de gigante audiência atraindo ouvintes, leitores; telespectadores e seguidores, se não lhes faltar habilidades, converte seus “cativos” em eleitores, com status de “cabos eleitorais”.

Ao atender à chamada do governador para disputar um mandato de deputado federal, evidente que lhes garantiram “estrutura”, o que causará grande ciumeira entre os demais. Quem cederá sua vaga? Se a tese for a de “puxador de votos”, mesmo assim alguém vai sobrar. Neste caso, todos irão querer “tangê-lo” para o Senado, que talvez seja sua grande oportunidade. Será o “outsider” de 2022 na Paraíba. Despido de radicalismo, hoje mais conhecido que Ricardo Coutinho, Aguinaldo Ribeiro e Efraim Filho. Ficha Limpa e com credibilidade. Seus opositores terão dificuldade para “desconstruir” sua imagem.

A força da mídia já fez milagres eleitorais no Brasil. Elegeu Antônio Brito, comentarista político da Rede Globo, governador do Rio Grande do Sul, derrotando o candidato de Leonel Brizola. Hélio Costa, Senador de Minas Gerais, derrotando um governador licenciado. Em tempo: José Sarney foi jornalista, antes de ser deputado estadual. Como deputado federal, no Rio de Janeiro antiga Capital do Brasil, escrevia na Tribuna de Imprensa de Hélio Fernandes, ao lado de Lacerda, Aluízio Alves; Agnelo Alves…

O tempo das brigas exauriu-se. O prazo final para as convenções se encerra em 29 dias.

Fonte: Júnior Gurgel
Créditos: Júnior Gurgel