Opinião

A saga de Antonio de Jovita - Por Ronaldo Cunha Lima Filho

A saga de Antonio de Jovita - Por Ronaldo Cunha Lima Filho

Em meio a segunda guerra mundial-1939 a 1945- Araruna, no interior da Paraíba, produziu o maior herói que aquela pequena cidade já vira. O nome dele era Antônio de Jovita.
Como é comum em cidades interioranas do nordeste se chamam as pessoas acrescentando aos seus nomes o nome do pai ou da mãe. Jovita era a mãe de Antonio.
Diariamente, pelo rádio, chegavam notícias da guerra e Antonio de Jovita ia se inflamando, ia criando coragem, ia se indignando cada vez mais com aquele genocídio.
Ele não se conformava com a morte de tantos inocentes.
Foi aí que ele tomou uma decisão drástica e impactante, que mudaria o seu destino e o de Araruna pra todo sempre.
Em tom solene e com a voz embargada ele comunicou à sua mãe que ia pra Alemanha, mas especificamente pra Berlim, lutar ao lado dos aliados pra derrotar Hitler e por fim a terrível guerra. A notícia logo se espalhou pela p
cidade e Antonio de Jovita, antes mesmo de dar um único tiro, já se tornara um herói. O herói de Araruna!
Chegou o fatídico dia. Difícil foi consolar Dona Jovita, que chorava sem parar. Seu único filho estava indo pra guerra.
Antonio de Jovita partiu. Mas, nosso herói antes de tudo era um malandra com pós graduação. Ao invés de ir pra Alemanha ele foi pra Campina Grande de onde, escondido num hotel, (acho que o Ouro Branco), ele passou a enviar seguidas cartas pra sua mãe: “mãe a guerra é terrível, é pior do que eu pensava . É bala, é tiro pra todo lado. Sangue e gente morrendo, mãe.” Noutra carta ele dizia: “mãe, eu tô disposto a dar minha vida pra acabar com essa guerra.” As cartas chegavam aos montes, sempre no mesmo tom. A essa altura já tinha uma estátua de Antonio de Jovita na praça publica, ruas, escolas e até bares, receberam o seu nome. Eis que bem próximo do final da guerra, a carta mais chocante chegou a Araruna. Ela dizia o seguinte: “Mãe, finalmente vamos alcançar a paz. Hoje de manhã nós localizamos o esconderijo do tirano e eu fui o escolhido pra entrar na frente. Foi então que eu dei um chute e arrombei a porta e com a metralhadora na mão eu gritei: “Hitilê, vire-se para morrer, ele se virou assustado e disse: não me mate, não, Antônio de Jovita.” E a guerra acabou.