Opinião

A profecia de Chesterton e o culto à mentira estrutural no Brasil - por Felipe Nunes

Vivemos na era da anti-realidade. Há quem tenha ódio do real, do visível, concreto e palpável. Apegam-se às suas fantasias inatingíveis, às suas vontades contrariadas ou às suas utopias baseadas em premissas falsas.

O apego à mentira não é uma construção contemporânea, como pensam alguns, mas um fato tão antigo quanto a  nossa existência. A mentira foi responsável, ao longo da História, pela eclosão de conflitos no âmbito das relações humanas, inclusive de guerras entre nações. Até no relato bíblico do Gênesis a mentira foi protagonista, quando a Serpente induziu Adão e Eva a comerem o fruto proibido.

Se a mentira está inerente à existência da humanidade, entretanto, hoje o mundo, e especialmente o Brasil, vivem em uma época em que não só é lícito mentir, como também amar a mentira e odiar os fatos. Como profetizou o filósofo católico G.K. Chesterton: “Chegará o dia em que teremos que provar ao mundo que a grama é verde”. No Brasil, tal profecia já se cumpriu.

E isso não se resume ao compartilhamento desenfreado de falsas notícias pelas pessoas menos escolarizadas, como querem nos fazer crer. O perigo está no culto à mentira estrutural e generalizada nos âmbitos do poder, sem exceção, especialmente na política.  Não é preciso citar exemplos práticos, pois os fatos falam por si.

No Brasil, vale tudo pela mentira revolucionária: atacar a Justiça, inocentar o culpado, defender o crime, distorcer uma informação para alcançar um objetivo. Vale divulgar uma notícia sabidamente inverídica para satisfazer a consciência vil ou até inventar uma teoria da conspiração para servir de consolo quando se perde a batalha.

Para alimentar a mentira estruturada, renega-se os fatos científicos em nome da ideologia. Rejeita-se o consenso científico para se exaltar uma teoria infundada. Vale até odiar minorias que não aderem à mentira e/ou não rezam a cartilha pré-estabelecida por quem se julga proprietária dos discursos de alguns segmentos sociais.

Vivemos na era da anti-realidade. Há quem tenha ódio do real, do visível, concreto e palpável. Apegam-se às suas fantasias inatingíveis, às suas vontades contrariadas ou às suas utopias baseadas em premissas falsas. Chegam ao ponto da auto-sabotagem intelectual. Até que um dia a verdade chegará e lhes tirará a venda dos olhos, de maneira avassaladora.

“Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!” (Isaías 5:20).

 

 

*Esse texto não reflete necessariamente a opinião do Polêmica Paraíba

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba