A sociedade capitalista contemporânea está estimulando o comportamento da ostentação. Há cada vez mais a necessidade de se buscar a aprovação social, e para isso se incentiva o consumismo exacerbado e a demonstração falsa de que o “status” só se conquista a partir da exibição vã ou inútil. É preciso “aparecer”. Antes ostentar era atitude dos poderosos, da burguesia endinheirada. No entanto, o modismo levou essa postura comportamental para as camadas mais desprovidas da população.
A cultura da ostentação tomou conta sem distinguir classe social. Estamos perigosamente entrando num tempo em que o fútil é considerado destaque, merecedor de admiração. Outrora o deslumbramento era um defeito que percebíamos apenas na elite. Era assim que muita gente se autoafirmava perante os outros, ostentando. esbanjando riquezas, vangloriando-se de suas próprias qualidades.
Não há característica maior da pobreza de espírito num ser humano. Revela pequenez, explicita falta de bom senso, exalta a vaidade, potencializa o orgulho. Esse ideal de vida está fundamentado em valores consumistas. Influenciados pela exaltação do consumismo exagerado, muitos se enaltecem das condições materiais que antes não possuíam. Constroem a ilusão de que produtos e serviços possam produzir a felicidade e a realização pessoal. Imaginam que este seja o único meio de serem reconhecidos e prestigiados no meio social.
O indivíduo que se torna escravo desse modismo da ostentação não percebe o ridículo a que se expõe, não consegue compreender que é vítima da lógica do sistema capitalista. O culto ao prazer leva muita gente a sentir a conveniência de ostentar, independente das condições econômicas em que esteja inserido. O importante é parecer que tem, ou aparentar ser o que não é, postura irracional no desejo de se incluir socialmente de acordo com as convenções ditadas pelo mercado econômico.
Rui Leitão
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba