A nova ordem na Assembléia prega harmonia e não subserviência, quem acredita? A prova nos próximos dias - Por Laerte Cerqueira

Vamos deixar os eufemismos de lado, o discurso pronto e as belas frases feitas. Todo mundo sabe que a vitória de Adriano Galdino (PSB) para presidente da Assembleia Legislativa significa a vitória do governador Ricardo Coutinho, do mesmo partido. Aparentemente, o socialista ainda não tem maioria absoluta na Casa, mesmo vencendo a eleição.

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Independente? POR LAERTE CERQUEIRA

(Do Jornal da Paraíba) – Vamos deixar os eufemismos de lado, o discurso pronto e as belas frases feitas. Todo mundo sabe que a vitória de Adriano Galdino (PSB) para presidente da Assembleia Legislativa significa a vitória do governador Ricardo Coutinho, do mesmo partido. Aparentemente, o socialista ainda não tem maioria absoluta na Casa, mesmo vencendo a eleição. Mas falta pouco e com o comando do parlamento,o caminho está mais próximo. Adriano Galdino nega que o Poder Legislativo vai ser subserviente aos ditames do governador. Quem acredita? Só os mais ingênuos. Ricardo Coutinho trabalhou em silêncio, mandou mensagens e mensageiros para preparar um terreno mais tranquilo. No aperto, conseguiu. “Dialogou”, negociou até o último momento. Vai cobrar a fatura. Diferente do que fez no primeiro mandato, quando subestimou o poder de uma oposição forte na AL e teve calos duros para eliminar, RC dessa vez entrou na disputa.

Galdino garante autonomia e independência. Mas ele mesmo sabe que nenhum deputado aliado vai votar contra projetos do governo. Mesmo que não concorde. Sabe que com seu poder de presidente vai colocar, adiar, atrasar ou acelerar projetos que são importantes para o governador. Galdino sabe que sua vitória não pode ser apenas justificada pela simpatia e capacidade de agregar. Boa parte dos aliados já empenhou total e irrestrito apoio ao governo, de várias maneiras, com vários pesos e medidas. Mas, suspeito que a maioria da AL não pensará de maneira livre porque o parlamento não é, culturalmente, livre. É tutelado e precisa da gestão estadual e das benesses que ela traz. Um dos sinais claros dessa nova relação entre os poderes, foi a presença do governador RC, ontem, na AL, deixando sua mensagem ao presidente aliado e à nova casa amiga. Ricardo, agora, tem outra tarefa: cultivar essa boa relação. Com alguns, não será tão simples. Deputados aliados por puro fisiologismo, vão, frequentemente, fazer cobranças para compensar o apoio.
Ao menos, com maioria, bons projetos do Executivo não ficarão emperrados na intransigência de uma oposição vingativa. Por outro lado, matérias que precisam de contestação, discussão, debate podem empurradas goela abaixo, diante de uma base inerte, dependente e passiva. Não é previsão. Apenas um velho e conhecido tipo de relação entre os poderes foi acionado. Esperamos harmonia e não subserviência. Tiraremos a prova nos próximos dias.

 

Frase
“Conclamo a AL para embarcar comigo nesta caravana, impulsionada pelos ventos da harmonia que devem soprar como sugere a Constituição ao tratar das relações entre os poderes.” Disse RC à AL, ontem, no fim do discurso.

Brigão
Deputados governistas confidenciam por aí que o ato de Tião Gomes (PSL) de danificar o equipamento do painel eletrônico não foi “impulsivo”. A ação foi acertada, antecipadamente. Tião foi escolhido por causa da fama de “brigão”.

Sangrou
O deputado Manuel Ludgério (PSD) afirmou que a imagem da AL sangrou com os episódios na eleição da mesa. Entre eles, vandalismo, ameaça de agressão, manobras contra o Regimento Interno.

Deplorável
O pior foi ouvir o deputado Galdino dizer que o ato de Tião foi “normal”, “legítimo”. Não, não foi normal. Foi uma atitude “deplorável”, como afirmou o deputado Renato Gadelha (PSC). Depois perguntam por que a imagem da AL é tão ruim.
Acordo Democrático
Alternância de poder. Esse foi um dos argumentos dos governistas para antecipar a eleição do biênio 2017/2018. Segundo Gervásio Maia (PMDB), eleito presidente com dois anos de antecipação, a manobra já aconteceu em outras legislaturas. Mas, nesse caso, segundo ele, vai ter, pelo menos, troca de comando. Para Gervasinho, esse, sim, é um acordo democrático.
Lábia
A primeira sessão da AL já revelou que o nível de debate e argumentação será bom. Estela (PSB), Renato (PSC), Jeová Campos (PSB) e Ricardo Barbosa (PSB), por exemplo, tiram qualquer trem da linha.

Excedeu
No caso de Jeová, um pecado tem que ser registrado. O parlamentar, num pico de nervosismo, deu um tapa nas costas de um segurança, que fazia seu trabalho. Ele nega a agressão, mas as câmeras mostraram que ele se excedeu.

Sem julgamento
O deputado Ricardo Marcelo (PEN), que saiu da AL domingo sem falar com ninguém, concedeu entrevista só ontem. Disse que fará oposição e não vai fazer julgamento dos colegas que o abandonaram.
Entalada
A relação com o prefeito de JP, Luciano Cartaxo, com os vereadores da base está tensa. Muitos reclamam das demissões de aliados nos últimos dias. Tem gente entalada.
Destravar
Cartaxo faz mais uma aposta para destravar e executar grandes projetos com a nomeação Elan Ferreira. Ele deixa a Superintendência Regional da CEF para assumir a Chefia de Gabinete da PMJP.