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A morte de José Américo - Por Rui Leitão

A Paraíba ainda comemorava o grande feito futebolístico d o Botafogo vencendo o Flamengo no Maracanã, quando foi surpreendida por uma triste notícia. No dia 10 de março de 1980, falecia o Ministro José Américo de Almeida, político, romancista e sociólogo, na época era considerado o mais importante paraibano vivo. Como escritor, deixou romances, ensaios, poesias e crônicas. Passamos repentinamente de um sentimento de alegria e de comemoração, para vivermos o luto e a consternação.

A Paraíba ainda comemorava o grande feito futebolístico d o Botafogo vencendo o Flamengo no Maracanã, quando foi surpreendida por uma triste notícia. No dia 10 de março de 1980, falecia o Ministro José Américo de Almeida, político, romancista e sociólogo, na época era considerado o mais importante paraibano vivo. Como escritor, deixou romances, ensaios, poesias e crônicas. Passamos repentinamente de um sentimento de alegria e de comemoração, para vivermos o luto e a consternação.

Sua obra literária mais conhecida é o livro A BAGACEIRA, editado em 1928, e que o tornaria famoso nacionalmente, dando início à Geração Regionalista do Nordeste. No prefácio, ele manifestou sua indignação com a realidade cruel do nordestino vitimado pela seca, “Há uma miséria maior do que morrer de fome no deserto: é não ter o que comer na terra de Canaã”. Ao saudá-lo, quando de sua posse na Academia Brasileira de Letras, Alceu Amoroso Lima assim se pronunciou: “José Américo é um exemplo vivo do que o civismo pode fazer na história de um povo. Por isso mesmo, ele é o exemplo do que hoje se chama engajamento dos intelectuais. Cada vez mais se politiza a vida da inteligência, como cada vez mais se exige, para a complexidade da política moderna, as mais altas expressões da inteligência. As ondas do mar vêm beijar na praia os seus pés, como símbolo de gratidão dos irmãos nordestinos a quem sempre amparou em seu calvário. Deus habita a sua solidão”.

Seu corpo foi velado no Palácio da Redenção, local em que recebeu as últimas homenagens dos seus conterrâneos. Uma grande multidão compareceu ao velório, verificando-se cenas de comoção popular e de profundo abatimento coletivo. Antes do sepultamento, foi celebrada uma missa de corpo presente, ministrada pelo Arcebispo Dom José Maria Pires, quando afirmou: “Ele representa a lição de um homem que fez da política uma missão de servir ao povo, acima dos interesses pessoais e das siglas partidárias”.

Personalidades de todo o país se fizeram presentes, em reverência a esse paraibano, que em vida nos encheu de orgulho por sua atuação política e pela produção literária. Entre elas, o então senador José Sarney que, ao discursar, declarou: “Em breve o Sol do Nordeste fará murchar a flor que todos nós depositamos sobre o seu túmulo. Mas nesse instante José Américo abandonará a Paraíba e este tão querido Nordeste, para que esta flor se transforme num marco definitivo da história, onde ele ficará como referência das mais importantes da História do Brasil”.

O Governador Tarcisio Burity determinou oficialmente que a residência em que ele viveu, na praia do Cabo Branco, se tornasse, a partir de então, um museu, ocasião em que criou a Fundação Casa de José Américo. “Trata-se de uma homenagem das mais justas a um homem que sempre procurou servir ao seu povo com dedicação e projetou a Paraíba da melhor forma no cenário político e cultural da Nação”, destacou o então Governador, ao assinar o ato que criava a Fundação.

Meu pai estava visivelmente abatido ao acompanhar aquele ato fúnebre. Era um dos seus mais entusiasmados admiradores, conhecendo bem a sua obra literária e a sua biografia. O próprio José Américo chegou a dizer: “Deusdedit Leitão sabe mais sobre mim do que eu próprio. De vez em quando ele me lembra de histórias por mim vividas que já havia esquecido”.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba