opinião

A IRONIA - Por Rui Leitão

Quando colocadas com requinte intelectual chamam a atenção pela perspicácia e pela leveza do linguajar utilizado. Chamamos isso de “fina ironia”.

O senso de humor do ser humano se manifesta de várias formas. Em uma delas percebe-se a capacidade de fazer críticas com zombaria de maneira inteligente, a ironia. Elas vêm muitas vezes carregadas de sutileza e por outras numa linguagem mais contundente e direta, o sarcasmo, o escárnio. Tanto pode ser uma expressão de presença de espírito, uma brincadeira, quanto pode ter também uma conotação de grosseria, desrespeito.

O recurso lingüístico da ironia exige, no entanto, astúcia e inteligência. Geralmente tem mensagens subliminares. A denúncia, a censura, a crítica, podem vir disfarçadamente por colocações que afirmam exatamente o contrário do que se quer dizer. Quando colocadas com requinte intelectual chamam a atenção pela perspicácia e pela leveza do linguajar utilizado. Chamamos isso de “fina ironia”.

Por outro lado, ela é também empregada desconsiderando o politicamente correto, com o objetivo único de ridicularizar, humilhar, atacar. Termina se transformando numa piada de mau gosto. O sentido inteligente que possa ter provocado a ironia, perde sua importância, na aplicação da mordacidade e da maledicência.

Portanto, a ironia suscita várias interpretações, dependendo muito do receptor, da circunstância e até do caráter da pessoa que faz uso dela. Comumente a ironia gera descontentamento, porque reflete um pensamento de oposição ao seu entendimento. Quem é alvo de uma ironia sente-se incomodado, as vezes constrangido, contrafeito. Devemos, então, ser suficientemente inteligentes para compreendermos uma ironia, identificando nela uma observação sábia de crítica, ou uma insultuosa ofensa, um achincalhe.

A ironia está presente no jornalismo, na política, na literatura, mas também nos acontecimentos do nosso cotidiano. Se ela acontece numa revelação de bom humor, que seja bem vinda e bem interpretada. Mas se ela evidencia um sentimento negativo de desacato, provocação, desconsideração, que seja ignorada.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão