A juventude brasileira protagonizou as mais belas páginas da nossa história em defesa da democracia e da liberdade de pensamento. Sempre se postou como instrumento de transformação, assumindo papel importante nos movimentos sociais.
Vejo, com alegria, quando os jovens brasileiros, com sua irreverência e capacidade de protesto, se colocam em favor das causas que busquem a construção de uma nação livre e justa. Os estudantes usando do direito democrático de se manifestar, apenas fazem valer a tradição histórica de intérpretes da consciência crítica da população.
Quando o jovem entra em cena no debate político, abre-se a oportunidade dele se situar na construção de nossa história, como se fez em tempos pretéritos. O desrespeito às manifestações estudantis representa a recusa em ouvir e reconhecer as suas demandas. Fazer ouvidos moucos às reivindicações da juventude é estimular a omissão e a alienação, atendendo assim os interesses das classes dominantes.
Como podemos acreditar numa renovação política se a juventude for desencorajada a exercer militância pelas causas sociais? Que esperança podemos ter no futuro, se os jovens de hoje se posicionarem ausentes das discussões dos temas políticos atuais? Teremos a formação de cidadãos críticos se afastarmos os estudantes do grande debate das questões de interesse nacional?
Não quero nem entrar no mérito das bandeiras de luta que estejam hasteando. O mais importante é o exercício da mobilização política, clamando pelo direito de dizerem: nós queremos ser ouvidos. Um país que nega aos seus jovens a oportunidade de se fazerem presentes na construção de sua história, está fadado a concorrer para uma rápida desmoralização dos mais elementares princípios da democracia.
Ignorar a voz da juventude quando ela discute as condições que lhes são impostas na saúde, na educação e na participação enquanto cidadãos, é proibi-la de contribuir nas decisões políticas e sociais da nação. Se os seus gritos ecoam na sociedade, não podem ser desconsiderados pelos que têm a responsabilidade de adotar as políticas públicas.
A juventude contemporânea precisa honrar a tradição de combatividade de gerações passadas, quando nos momentos mais difíceis do nosso país proclamaram sem medo o seu posicionamento político.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão