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A imagem falando mais alto: o dedo do ministro é o verdadeiro retrato do que pensa o governo sobre o seu povo? - Por Francisco Airton

O discurso na ONU e o dedo do ministro. Para nós, uma segunda-feira tenebrosa e um discurso totalmente dispensável. Inverdades, inverdades e inverdades. Tudo que foi dito por Bolsonaro no púlpito da 76ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, acabou mais uma vez repercutindo muito negativamente para a nossa imagem lá fora. Se o presidente gostaria de poder calar pra sempre a imprensa no Brasil, o que ele poderá fazer então com a imprensa pelo mundo? Novamente o país sai desacreditado e é motivo de chacota no mundo inteiro. Os dedos do Dr. Queiroga, infelizmente, acabaram concluindo todo o resumo da ópera!

 

O discurso na ONU e o dedo do ministro. Para nós, uma segunda-feira tenebrosa e um discurso totalmente dispensável. Inverdades, inverdades e inverdades. Tudo que foi dito por Bolsonaro no púlpito da 76ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, acabou mais uma vez repercutindo muito negativamente para a nossa imagem lá fora. Se o presidente gostaria de poder calar pra sempre a imprensa no Brasil, o que ele poderá fazer então com a imprensa pelo mundo? Novamente o país sai desacreditado e é motivo de chacota no mundo inteiro. Os dedos do Dr. Queiroga, infelizmente, acabaram concluindo todo o resumo da  ópera!

Que o presidente Bolsonaro envergonha o país, sempre que discursa fora do território nacional, disso ninguém mais tem dúvidas. Mas ao que parece dessa vez o capitão se superou na carga de inverdades proferidas por ocasião da sua fala na 76ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Mentiu sobre combate ao desmatamento, sobre combate a pandemia, combate a corrupção, sobre a afirmação de que  corrupção não existe em seu governo e tantas outras que deverei comentar ainda ao longo deste artigo. Acho que pelo menos uma verdade ele deve ter dito, a de que ainda não se vacinou. Mas, muito aqui para nós, acho que nisso, também, ele pode estar mentindo. Há quem afirme que Bolsonaro já se vacinou e que só não admite para não quebrar o seu posicionamento negacionista quanto a vacina o que poderia fazê-lo cair em descrédito junto aos seus apoiadores (onde vez por outra um é internado vitimado pelo vírus e outros acabam chegando a óbito) Aliás me chega a informação de que o próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, contraiu o vírus nessa viagem.

Mas o destaque aqui não é o papel ridículo que nos faz passar o presidente sempre que é forçado a representar o país internacionalmente. Me parece, que agora ele se esmerou. No entanto, o que chocou o Brasil e a imprensa do mundo todo, foi a atitude do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao fazer gestos obscenos para os brasileiros que protestavam contra o governo federal em Nova York, nos EUA, na noite da última segunda-feira (20). Queiroga estava em um micro-ônibus que transportava a comitiva do presidente Jair Bolsonaro. Após o veículo ter passado por um grupo de manifestantes, o ministro se levantou de seu assento e mostrou o dedo do meio com as duas mãos de forma veemente. Em um vídeo que registra o episódio, é possível ver que os brasileiros que protestavam reagiram também fazendo gestos obscenos para Queiroga, que é criticado por causa de sua gestão da pandemia de Covid-19.

Apesar de saber que qualquer coisa pode acontecer dentro desse governo – inclusive tudo – a qualquer momento, (senão vejamos as pérolas proferidas por todas as figuras que já fizeram ou ainda fazem parte do seu primeiro escalão), só para citar: O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub – que deixou a pasta em junho de 2020 depois da polêmica reunião ministerial realizada pelo presidente, quando o então ministro defendeu a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal – STF. Não esquecendo Ricardo Sales, ex- ministro do Meio Ambiente, que é investigado por supostamente favorecer comércio de madeira ilegal. Ficou conhecido no mundo inteiro ao  defender que o governo deveria se aproveitar da crise da pandemia, enquanto a imprensa estivesse envolvida só com coronavírus para “ir passando a boiada” aprovando medidas de favorecimento aos interesses ilegais de madeireiros. Como primeiro ministro da educação do governo Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodrigues, foi outro grande desastre. Dentre as muitas polêmicas que colecionou, uma chamou muito a atenção. Vélez pediu às escolas que filmassem alunos cantando o Hino Nacional e que enviassem o vídeo ao MEC. Depois, voltou atrás.

Se eu tivesse que ficar aqui nominando e relembrando citações absurdas de ex-ministros do atual governo, teria de dividir esse artigo em muitas outras partes. Mas faço questão de citar um último nome, o da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damarys Alves. De Jesus na goiabeira a silêncio em coletiva, passando por menino veste azul e menina veste rosa, a ministra coleciona declarações controversas.

Não é que estivesse tranquilo quanto a longevidade do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no cargo, mas Luiz Henrique Mandetta esteve no começo da crise e foi demitido em 16 de abril de 2020, após discordar do presidente Bolsonaro em muitas questões, entre elas, o isolamento social e uso da cloroquina. Já Nelson Teich foi o escolhido para substituí-lo, mas ficou pouco tempo no cargo – menos de um mês – também com divergência sobre o uso do medicamento. Veio Eduardo Pazuello, general, sem formação na área de saúde, que levará para a história a célebre frase  “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Considerada a pior gestão da Saúde de todos os tempos. E não quero nem lembrar da crise do oxigênio em Manaus em janeiro deste ano. Quando o Dr. Queiroga foi escolhido para substituir o Pazuello, fiquei com um pé atrás (e o mantenho, agora e principalmente). Com o passar dos dias, semanas, achei que esse, por fim, iria fazer uma gestão mais ou menos. Poderia ser diferente e estar voltado totalmente para a saúde do brasileiro, até o descontrole em Nova York, estirando o dedo do meio aos brasileiros que protestavam contra o governo Bolsonaro.

Essa não deve ser a postura de um ministro (mas no atual governo, tudo pode). Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, paraibano de João Pessoa, é um médico cardiologista, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e atual ministro da Saúde do Brasil. Não, não é possível. Não lhe é permitido o descontrole, por que estava ali o grande profissional que a Paraíba e o Brasil já conhece! Então seria esse um dos  requisitos que o cargo exige?

Apesar dos sinais que começava a dar após alguns meses à frente da pasta, (pois logo que assumiu deixou claro que teria a última palavra), começou a dar sinais de que não era bem assim e deixou transparecer ter de rezar na cartilha do chefe. Mas o seu comportamento perante os holofotes do mundo deixa tudo muito mais claro.

Confesso que fiquei chocado.

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba