opinião

A ilusão da verdade - Por Rui Leitão

O julgamento das ações humanas deve ser baseado na verdade dos fatos. Mas o que é a verdade? Segundo Platão “Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso aquele que as diz como não são”. A partir dessa afirmação, chegamos ao perigoso entendimento de que estamos sempre intimados a acreditar no que divulga a mídia ou nos discursos de convencimento de alguns políticos e dos que se julgam capazes de manipular consciências. É a verdade falseada com segundas intenções.

O julgamento das ações humanas deve ser baseado na verdade dos fatos. Mas o que é a verdade? Segundo Platão “Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso aquele que as diz como não são”. A partir dessa afirmação, chegamos ao perigoso entendimento de que estamos sempre intimados a acreditar no que divulga a mídia ou nos discursos de convencimento de alguns políticos e dos que se julgam capazes de manipular consciências. É a verdade falseada com segundas intenções.

É no conjunto ético e moral de uma sociedade que encontramos a “verdade”. Quando integramos uma sociedade corrompida, essa verdade fica comprometida e os julgamentos passam a ser arriscadamente contrários aos princípios de justiça.

A nossa experiência pessoal, construída no ambiente social em que vivemos, é que nos induz a adotar pressupostos em relação a pessoas, fatos e circunstâncias. Por isso, passíveis de equívocos e distanciados da verdade. A ilusão da verdade domina nossa consciência crítica. Somos permanentemente bombardeados por informações falsas e muitas vezes intencionalmente incompletas. Com base nelas chegamos a formar opiniões que passamos a julgar como verdadeiras.

A História tem nos mostrado que muitas vezes aquilo que entendíamos como verdade absoluta tornou-se uma concepção falsa. Estamos sempre incorrendo em interpretações errôneas que nos levam a cometer injustiças. Essa é a razão do perigo do pré-julgamento. Quando nos antecipamos em julgar pessoas e situações sem a preocupação de buscarmos chegar próximos do que seja a verdade, o fazemos, muitas vezes, guiados por emoções, paixões, interesses pessoais, ou até mesmo influenciados por outros.

Nós, simples mortais, nunca conheceremos a verdade absoluta. Esse conhecimento só Deus possui. Mas podemos ser prudentes na admissão daquilo que nos parece, num primeiro momento, verossímil. Se deixarmos que a emoção se sobreponha à razão, certamente estaremos fadados a aceitar verdades que nos são convenientes momentaneamente, mesmo sabendo que elas estão eivadas de falsidades. E o que pode ser bom para nós individualmente, pode ser prejudicial para outros ou uma coletividade.

Uma das regras básicas da falsa propaganda é a máxima atribuída ao nazista Joseph Goebbels, quando diz: “uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade”. Mentiras com aparência de verdades. Propositadamente, profissionais inescrupulosos do marketing, tiram proveito dessa característica da psicologia humana, a de acreditar naquilo que é dito repetidamente. Torna-se uma técnica de persuasão. A repetição mascara a verdade. Nossas mentes são presas fáceis para a ilusão da verdade, também conhecida como efeito de validação.

A mentira, quando agride a moral ou a legalidade, causa graves influências emocionais, principalmente ao ser usada para atingir reputações, criar discórdia ou atacar aqueles que são considerados inimigos. Aí sim, são muitos os danos creditados a inverdades proferidas.

Não custa refletirmos sobre isso, a cada vez que nos sentirmos tentados a apontar o dedo em direção a alguém para acusá-lo, repetindo coisas sem a preocupação de verificar sua veracidade. Quanto menor o esforço cognitivo de uma informação, mais naturalmente ela é absorvida. É assim que funciona a engrenagem das notícias falsas, as famosas “fake news”. A ilusão da verdade é mãe da injustiça.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba