Somos diariamente impactados pelo noticiário que mostra o quanto a violência contra as mulheres tem se acentuado no Brasil. Isso está diretamente relacionado com o que chamamos de “misoginia”: desprezo e ódio contra as pessoas do gênero feminino. São agressões físicas e psicológicas, abusos sexuais, torturas, dentre outras violências que têm vitimado as mulheres em nosso país.
Esse grave problema que vivenciamos tem suscitado debates sobre os direitos e questões de valores das mulheres. Embora ainda haja muita gente que acha que os homens são melhores e mais capazes que as mulheres. Tem até quem defenda salários menores para elas “porque engravidam”! Mas vem de longe esse preconceito. O alemão Schopenhauer dizia que “a mulher, por natureza, deve obedecer”, ressaltando o conceito machista de que elas deveriam se manter sempre numa posição de submissão aos homens. Por muito tempo a inferiorização da mulher foi encarada com naturalidade, alicerçada em princípios patriarcais. Eram tratadas como moral e intelectualmente inferiores aos homens.
O capitalismo industrial, ao se consolidar, desvalorizou a mão de obra feminina, uma vez que prevalecia o pensamento dos que ainda hoje defendem que não se deve pagar salários iguais para os homens e as mulheres. Só em 1960 quando começou a nascer a discussão sobre a igualdade dos papéis sociais, as mulheres passaram a conquistar espaços antes nunca permitidos. O Movimento do feminismo liderado por Simone de Beauvoir despertou a necessidade da luta contra todas as formas de opressão que historicamente eram exercidas sobre elas. As principais bandeiras de luta levantadas foram para por um fim na violência doméstica, da cultura do estupro, pela liberdade sexual e o combate às desigualdades salariais. O empoderamento da mulher ganhou importância nos debates da esfera política. Foi aí que conquistaram o direito de votar. Não obstante tantos avanços, a mulher brasileira continua sendo vítima de um tratamento desigual no mercado de trabalho. Ainda hoje recebem trinta por cento a menos que os homens no desempenho dos mesmos cargos.
É necessário reagir contra todo e qualquer discurso que busque atingir a dignidade feminina. Não permitir que os misóginos tentem impor suas idéias preconceituosas em desfavor das mulheres. É necessário que elas se voltem contra os que não lhes dão a importância e as desrespeitam. Não se concebe admitirmos que alguém diga que o nascimento de uma filha foi resultado de uma “fraquejada” do pai. A visão de gênero que vem sendo reformulada de geração a geração, produz uma consciência lúcida de que estamos trilhando o caminho que objetiva a igualdade. Essa é uma reflexão que não pode ficar fora da pauta política. O mundo contemporâneo exige uma postura de respeito e consideração às mulheres.
A baixa representatividade feminina em cargos públicos de relevância acontece em razão da histórica exclusão delas na atividade política. As cotas eleitorais estabelecidas não têm permitido aumentar a chegada das mulheres aos cargos de atuação política. Isso tem, consequentemente, refletido na formulação e execução de políticas públicas que considerem as questões que interessem diretamente às mulheres. Os direitos das mulheres precisam ser pautados nas discussões políticas em nosso país, de forma a que elas se tornem menos vulneráveis a ofensas à sua dignidade.
Não se pode negar a importância da presença e mobilização das mulheres nas instâncias de representação do poder público, impondo um equilíbrio da participação feminina na democracia, influenciando diretamente na formação de agendas temáticas decisórias.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba