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A Igreja da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês - Por Sérgio Botelho

Foto: reprodução

Após derrubadas as antigas igrejas do Rosário, na altura do Ponto de Cem Reis, e da Mãe dos Homens, em Tambiá, refúgios ativos das irmandades de pretos e pardos, em Parahyba do Norte, só restava, na mesma condição de pertencimento popular, a Igreja de Nossa Senhora das Mercês.

O referido templo católico estava situado no término da atual rua Visconde de Pelotas, ao tempo em que se chamava rua da Cadeia. Ficava exatamente na confluência das atuais praças 1817 e João Pessoa. A igreja foi erguida por iniciativa da irmandade de pretos e pardos no início do século XVIII, desde então tornando-se referência na capital paraibana.

O seu enorme e vistoso largo e lá atrás em plena atividade urbana a Trincheiras, a Palmeira (Rodrigues de Aquino), a João Machado, a própria praça já chamada de João Pessoa e a outra, a Venâncio Neiva e, mais abaixo, o Parque Solon de Lucena armaram os gestores estaduais e municipais com a ideia de sua (das Mercês) desimportância urbana, obstáculo ao progresso da cidade. Assim, conforme insistia o poder público com o aval da cúria, era preciso que a Igreja das Mercês viesse abaixo. Mas, diferentemente do que aconteceu com a do Rosário e com a Mãe dos Homens, no caso das Mercês houve reação.

O contencioso chegou ao Vaticano pondo de um lado a irmandade e a sociedade, e do outro o poder público e a arquidiocese, esta, inteiramente de acordo com a desapropriação. O Palácio do Bispo rapidamente alinhavou um acordo com a prefeitura no sentido de reconstruir a igreja das Mercês na Torre.

Porém a resistência endureceu. Acerto final, entretanto, programou a nova igreja para a descida da atual Padre Meira (que homenageia Leonardo Antunes de Meira Henriques, vigário geral do Bispado de Pernambuco, que residiu na rua). Para encurtar a história, em 1935 a velha Igreja das Mercês foi ao chão. Depois, em 1939, a nova Igreja das Mercês foi inaugurada sem mais contar com o poder da irmandade – a maior derrotada – que a gerou lá nas primeiras décadas dos anos 1700.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba