Antes de qualquer coisa preciso dizer que não tenho nada contra os evangélicos. Pelo contrário. Dos meus cinco filhos, quatro professam igrejas evangélicas. Eu próprio frequento, sempre que posso, a Presbiteriana de Tambaú, onde o pastor, Robinson Granjeiro, não faz do púlpito um palanque político-partidário. Ele é um sábio. E gosto de ouvir suas pregações.
O inaceitável é fazer da religião um instrumento de conquista do poder. O nome de Deus sendo utilizado como propaganda política. Inadmissível esse projeto de dominação política de algumas igrejas evangélicas. Na verdade, elas contrariam os preceitos integrados no Evangelho de Jesus Cristo. A Bíblia pode ser lida em palácios, porque na Palavra não existe distinção entre ricos e pobres, poderosos e subordinados. A Igreja de Deus é igualitária.
O engajamento político de líderes religiosos das igrejas neo-pentecostais faz parte de uma mobilização coordenada com interesses que nada têm a ver com a pregação cristã. A coesão ideológica facilitando a articulação política. Atuando de forma mais presente no espaço político, essas lideranças fazem valer seus interesses patrimoniais, financeiros, burocráticos e corporativos, a serviço de projetos políticos de conquista do poder.
O comportamento eleitoral dos evangélicos neopentecostais se estabelece a partir da obediência cega aos seus líderes, sem a preocupação em questionar as informações recebidas. A autoridade religiosa assumindo seu papel de persuasão. O discurso religioso sacralizando o aspecto político.
No jogo eleitoral, a relação entre política e religião, os evangélicos fundamentalistas, têm o propósito de aumentar s representatividade na força política nacional. A polarização social e política da atual conjuntura nacional, construindo uma simbiose entre religião e política. A direita cristã se posicionando como denominador teológico. A identidade político-religiosa definindo a efetiva a incursão na política partidária. Os fiéis evangélicos neo-penteconstais apelando para o conservadorismo evangélico, em favor de interesses políticos. Uma visão teológica que não condiz com a realidade atual.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão