Dias atrás, mais exatamente na quinta feira 26 de maio, um fato ganhou grande e positiva repercussão, sobretudo no âmbito da cidade de João Pessoa: – correspondeu à atitude do motorista Gerson Cabral que, nas proximidades do Campus I da UFPB, ali fazendo uma parada do ônibus urbano que dirigia (linha 304/Bancários), observou que uma senhora, demonstrando deficiência visual, estava pretendendo atravessar aquela via (que, na verdade, por ter canteiro central, constitui-se em duas vias) e obviamente tinha muita dificuldade para essa travessia face a intensidade do trânsito.
O motorista Gerson compartilhou aquela sua preocupação com os passageiros que transportava e, como que aos mesmos pedindo autorização para ajudar aquela senhora, assim procedeu e logo retornou ao ônibus que dirigia, isto sem saber que fora “filmado”. O respectivo vídeo não só “viralizou” nas redes sociais, como também resultou em reportagens pelas emissoras de TV locais.
Como o gesto (misto de sensibilidade, empatia e solidariedade) foi despretensioso, ou seja, sem objetivar “aparecer para as demais pessoas”, o motorista Gerson simplesmente voltou ao veículo e seguiu o percurso específico à linha 304. Mas, como havia quem tivesse “filmado” e colocado o vídeo nas redes sociais, as reportagens decorrentes buscaram localizar o motorista, saber seu nome e até dele ouvir que é seu dever – e gosto – “fazer o bem sem ver a quem”.
Realmente a atitude do motorista Gerson é, sim, merecedora dos melhores elogios. Também o é a atitude da pessoa (cujo nome não foi divulgado) que teve a sensibilidade e espécie de “oportunidade jornalística” para gravar/filmar aquele fato. Mais que isto: colocar o vídeo nas redes sociais com a finalidade de que esse gesto sirva de exemplo a tantas outras pessoas, destacando, conforme sua própria voz (gravada nesse vídeo), o seguinte: “Faça a diferença em seu emprego e em sua vida… O motorista parou o ônibus para atravessar com segurança aquela pessoa com deficiência visual… São gestos como este que Deus quer de cada um de nós!”.
Os trabalhadores do transporte coletivo urbano de João Pessoa, em sua absoluta maioria, atuam competentemente, não só pela própria exigência técnico-profissional, mas, de igual modo, porque são devidamente treinados, incluindo as orientações de bom relacionamento social com os passageiros. No entanto, o que mais marca e gera reclamações registradas principalmente junto às emissoras de rádio e televisão, são os fatos negativos, embora raros. Por exemplo, são milhares as viagens realizadas, em um só dia, pelas centenas de ônibus de João Pessoa. Repetimos: são milhares de viagens! Todavia, os registros, junto às emissoras de rádio e de televisão, correspondem às raras (2 a 3) queimas de parada que indevidamente ocorram.
Não queremos afirmar que fatos como esse relacionado ao motorista Gerson Cabral não tenha sido um daqueles que raramente acontecem. Claro que sua própria natureza, em que uma pessoa com deficiência visual pretende atravessar duas vias e é ajudada por um motorista do transporte coletivo, constitui-se, sim, um fato que não ocorre todo dia!…
No entanto, em relação a um fato como este de positivismo funcional, precisa haver a “sorte” de alguém gravá-lo e fazer repercutir nas redes sociais. Lembramo-nos, por exemplo, daquele outro fato que, gravado, também “viralizou” e até ganhou pauta no programa de âmbito nacional “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo: um outro motorista, Augusto César de Almeida Souza, percebendo que uma gestante entrara no ônibus e, lotado, ninguém cedera o assento para ela, ele (o motorista) dirigiu-se a todos os passageiros e ponderou que só daria partida no veículo quando alguém cedesse o lugar àquela senhora gestante.
São poucas as pessoas que sabem que as empresas do transporte coletivo de João Pessoa até promovem a premiação aos seus operadores selecionados como os melhores do ano, isto como incentivo a que todos atuem competentemente, inclusive – e principalmente – no relacionamento com os passageiros!
Fonte: Mário Tourinho
Créditos: Polêmica Paraíba