No dia 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero fixou na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha, 95 teses propostas à Igreja Católica. A ideia de Martinho Lutero baseava-se na fé. ‘O justo viverá pela fé’. Ele propunha um resgate das ideias evangélicas, colocando o sacrifício de Jesus Cristo como fato consumado para redimir a humanidade de seus erros e pecados. A intenção era produzir uma reforma religiosa, mas seu ato causou, mais do que isso, um divisor de águas na história da humanidade.
Mais tarde, a filosofia luterana ficou conhecida a partir das chamadas ‘cinco solas’, que resumem o pensamento reformador: Sola Fide (somente a fé), Solus Christus (somente Cristo) , Sola gratia (somente a graça) , Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus) e Sola Scriptura (somente as escrituras). Na esteira desses pontos, Lutero carregava outras premissas, como a defesa da verdade, da vida e da dignidade humana. Isto provocou profundas transformações não somente âmbito no religioso, mas sobretudo nos setores políticos e sociais de forma geral.
A educação foi, quiçá, a área mais beneficiada com a reforma protestante. Na época de Lutero, o catolicismo, que já também havia dado suas contribuições à educação, era a instituição que monopolizava os ensinos escolar e superior. Lutero foi um dos grandes defensores da escola universal, isto é, para todos. Um dos pontos cruciais para essa mudança de paradigma foi a ideia de que a leitura bíblica deveria ser estendida a todos os fiéis, e não somente a sacerdotes católicos.
Um dos escritos mais famosos de Lutero, sobre educação, atesta seu entusiasmo com a criação de novos modelos escolares a partir da visão protestante: “Pela graça de Deus, está tudo preparado para que as crianças possam estudar línguas, outras disciplinas e história, com prazer e brincando. As escolas já não são mais o inferno e o purgatório de nosso tempo, quando éramos torturados com declinações e conjugações. Não aprendemos simplesmente nada por causa de tantas palmadas, medo, pavor e sofrimento”, escreveu Lutero.
Isto se multiplicou pelo mundo. No Brasil, uma das principais instituições de ensino superior do país, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, foi fundada sob princípios protestantes, assim como a Universidade Metodista de São Paulo, dentre milhares de outras ao redor do mundo, a exemplo de Havard e Princeton.
Um dos trunfos mais conhecidos da Reforma foi a multiplicação de livros, inicialmente com a Bíblia e as obras teológicas, a partir da utilização da máquina de imprensa, criada pelo alemão Johann Gutenberg. A máquina foi utilizada intensamente na impressão de folhetos luteranos sobre os evangelhos. Hoje, a Bíblia é o livro mais vendido do mundo, em grande parte por reflexos do movimento protestante.
O pensamento protestante não inspirou só a educação, mas os próprios processos científicos, a política, os conceitos de direitos humanos e liberdade, bem como a ênfase no bem-comum, levando em conta que estas não são marcas meritórias, mas símbolos daqueles que acreditam na salvação mediante a fé em Cristo.
502 anos depois, há quem defenda que uma nova reforma é necessária no meio Evangélico. E este pensamento é reformador, é bíblico, essencialmente protestante. Carrega em si, o mesmo Espírito que estava em Lutero. Não o revolucionário, que destrói e seculariza, mas o transformador, que muda o homem e o leva ao caminho da salvação eterna através da Palavra que liberta.
Soli Deo Gloria!
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Felipe Nunes