Primeira declaração

Wassef diz que não é o 'Anjo' e que não abrigou Queiroz por 1 ano

Declarações foram feitas ao jornal 'Folha de S. Paulo' mais de 48 horas após a prisão de Fabrício Queiroz na casa do advogado dos Bolsonaro

O advogado Frederick Wassef, dono do imóvel em Atibaia (SP) onde Fabrício Queiroz foi preso, afirmou neste sábado (20) que nunca falou trocou mensagens com Queiroz e que também não é o “Anjo” citado na investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro. Ele negou que tenha abrigado Queiroz por 1 ano, sem no entanto explicar o que então o ex-assessor fazia na casa onde foi encontrado.

Estas são as primeiras declarações do advogado e ocorreram mais de 48 horas após a prisão de Queiroz. Elas foram feitas em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”.

Wassef também negou que tenha mantido contatos com a família do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro. “Não escondi ninguém”, disse.

Ele se disse vítima de uma armação para incriminar o presidente Jair Bolsonaro, de quem é amigo. Wassef defende o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), no caso das rachadinhas, e também é advogado de Jair Bolsonaro.
Malote

Wassef disse ainda que Queiroz foi submetido a duas cirurgias na Santa Casa de Bragança Paulista (SP). Segundo o advogado, o escritório dele estava em obras e, nas palavras dele, plantaram um malote lá. “Estão me atribuindo coisas que não fiz”, disse. Ele não explicou a que malote se refere.

Procurado pelo G1, o promotor José Claudio Baglio, que fez parte da força-tarefa para cumprir o mandado de prisão de Queiroz e de busca e apreensão no imóvel, afirmou que nenhum malote foi apreendido. “Não tem nenhum malote apreendido. Tem o invólucro com o material que foi localizado na casa e que foi encaminhado para o Rio de Janeiro junto com o senhor Fabrício Queiroz no helicóptero.”

Também neste sábado (20), o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade), que coordenou a operação, afirmou que a apreensão foi feita pelo Ministério Público e que o malote da Polícia Civil foi emprestado apenas para transportar os pertences.

“O promotor falou invólucro, mas é o malote, é a mesma coisa, é a mesma coisa. A Polícia Civil não participou da apreensão, nós só demos apoio à entrada na casa e à prisão do Queiroz. Invólucro e malote é a mesma coisa. Esta afirmação do Wassef está equivocada. Ele deve ter visto um malote da Polícia Civil e confundiu as coisas”, disse ao G1.

Em nota, o Ministério Público do Estado de São Paulo afirmou que a operação “transcorreu nos estritos limites da lei”, e que “não cabe ao MPSP tecer qualquer tipo de comentário acerca de declarações de investigados ou de seus defensores” (veja mais abaixo a íntegra da nota).

O que dizem as investigações

Mensagens apreendidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) indicam que o ex-assessor parlamentar era monitorado por Wassef. Os investigadores acreditam que o apelido “Anjo”, que aparece nas mensagens, era como Queiroz e outros investigados se referiam ao advogado.

Após a prisão de Queiroz, um dos caseiros do imóvel disse à Polícia Civil que o ex-assessor morava na casa do advogado Frederick Wassef havia cerca de 1 ano.

Segundo informou o delegado Nico Gonçalves, dois celulares foram apreendidos pela equipe do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo) durante a operação que prendeu Queiroz, além de documentos e uma quantia em dinheiro não especificada.

Nota do Ministério Público do Estado de São Paulo

A operação conjunta do MPSP e da Polícia Civil deflagrada na quinta-feira, dia 18 de junho, para dar cumprimento à ordem de prisão contra o senhor Fabrício Queiroz e ao mandado de busca e apreensão no imóvel do advogado Frederick Wassef transcorreu nos estritos limites da lei. Filmada, a ação dos promotores e dos policiais contou com o acompanhamento de três representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, observando-se, assim, todas as formalidades legais

Outrossim, vale ressaltar que não cabe ao MPSP tecer qualquer tipo de comentário acerca de declarações de investigados ou de seus defensores, sejam eles constituídos ou não.

Mario Sarrubbo, Procurador-Geral de Justiça.

Fonte: G1
Créditos: G1