MP pede explicações sobre as mortes de oito suspeitos de matar PM
De acordo com a polícia, no momento em que a polícia localizou o grupo, os suspeitos reagiram e, na troca de tiros, acabaram mortos
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) pedirá explicações sobre as mortes de oito suspeitos de envolvimento na morte de um policial militar em Pernambuco. Ao Correio, o promotor Ernani Lucas Nunes Menezes afirmou que se encontrará com o responsável pelo 24° Batalhão da Polícia Militar em Barra de São Miguel (PB), onde as mortes ocorreram.
O assassinato do PM ocorreu na segunda-feira (1º/7). No dia seguinte, oito pessoas suspeitas de envolvimento com o crime, incluindo um vereador pernambucano, foram mortas por policiais na cidade paraibana. De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, no momento em que a polícia localizou o grupo, os suspeitos reagiram e, na troca de tiros, acabaram mortos. Os mortos são seis homens e duas mulheres. A ação contou com 70 agentes dos dois estados.
Nas redes sociais, circulam vídeos e fotos que mostram a polícia carregando os corpos dos mortos pela cidade, expostos em carros comuns, e não do Instituto Médico Legal (IML). Ao longo do caminho, a população parabeniza a ação. A corporação alega que carregou os feridos para o pronto-socorro.
De acordo com a polícia, no crime de segunda-feira, três dos acusados saíam de um mercadinho após assaltar o local, quando foram interceptados pela polícia. Na fuga, eles se esconderam em uma casa e alvejaram a viatura em que estavam dos PMs, matando um deles (veja o vídeo abaixo).
Em uma das portas do veículo, é possível contar mais de 40 buracos provocados pelos disparos, que seriam de uma espingarda calibre 12. O profissional que morreu foi identificado como o soldado do 24º Batalhão da Polícia Militar (BPM) André José da Silva. O outro, identificado como sargento Moacir Moreira da Silva, foi levado para a UPA de Santa Cruz do Capibaribe e está em estado estável.
Após o crime, os suspeitos fugiram e foram encontrados em Barra de São Miguel, no agreste paraibano. No momento em que a polícia localizou o grupo, os suspeitos teriam reagido com tiros.
Morte de vereador
O vereador do município de Betânia (PE) Andson Berigue de Lima, conhecido como Nanaca, do PP, está entre os suspeitos mortos. De acordo com a polícia, ele teria ido resgatar o irmão, conhecido como Galego de Lena, possível participante no crime do dia anterior.
A Prefeitura da cidade lamentou a morte do vereador, nesta quarta-feira (3/7), “Nanaca foi um grande parlamentar que muito contribuiu para a população e política do município”, diz o texto publicado em rede social.
Secretário de segurança do estado rebateu a ação
Em apenas um dia, os oito mortos no confronto com a Polícia Militar de Pernambuco em Barra de São Miguel, cidade paraibana a 175 km de João Pessoa, correspondeu a 25% do total das mortes causadas pelas polícias da Paraíba em 2018. A estatística negativa da operação contra a quadrilha de assalto a bancos e lotéricas caiu na conta das forças de segurança da Paraíba, explica Jean Francisco Nunes, secretário de Estado da Segurança e Defesa Social (Seds).
O secretário comentou que por terem ocorrido em solo paraibano, cabe às autoridades do estado investigarem as circunstâncias, abrindo inquéritos sobre as mortes, assim como contabilizar para o balanço anual de Crimes Letais Violentos Intencionais (CVLI). Pior, as mortes são categorizadas como em decorrência de intervenção policial da Paraíba, para fins estatísticos.
“Pela metodologia que temos aqui, esse confronto contabiliza para nosso estado, ocorreu em território paraibano, mesmo sendo confronto de polícia de outro estado. Porque o que a gente contabiliza é morte em território paraibano, é uma metodologia rígida. Poderíamos colocar para o estado vizinho, mas aqui nós seguimos à risca”, comentou.
Em 2018, as polícias da Paraíba mataram 33 pessoas, um crescimento pequeno em relação às 30 mortes por mãos policiais em 2017 e 22 mortes do mesmo tipo em 2016. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2014 e 2017, o crescimento de mortes por intervenção policial na Paraíba cresceu 27,8%.