O rapaz responsável pela morte da jovem Vitórya Melissa Mota, de 22 anos, passou ontem por uma triagem na SEAP (Secretaria de Administração Penitenciária) e já ingressou no Presídio José Frederico Marques, em Benfica. Na quarta-feira (2), Matheus dos Santos da Silva, de 21 anos, atacou a colega de curso a facadas dentro do Shopping Plaza, em Niterói (RJ). O crime aconteceu por volta das 13h, foi registrado por câmeras de segurança, e Vitórya já chegou morta ao hospital.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil da 76ª DP, de Niterói e, segundo fontes ouvidas pelo UOL, ele decidiu usar seu direito constitucional e não falou nada na delegacia. Uma amiga, também ouvida na delegacia, deu detalhes sobre a relação de amizade entre Vitórya e Matheus, que estava abalada.
Em momento algum Matheus disse há quanto tempo planejava a morte de Vitórya e nem expressou reações. Ele ficou calado o tempo inteiro, não chorou e as poucas vezes que tentou se comunicar, falava muito baixo, a ponto dos policiais terem dificuldade de entender. Durante o tempo que ele ficou sendo interrogado, o Matheus ficou de cabeça baixa e com os cabelos cobrindo o rosto.
A mãe de Matheus esteve na delegacia e se mostrou muito envergonhada pela atitude do filho. “Mesmo com vergonha por toda a situação, ela não quis falar muita coisa sobre o filho e nem quis comentar sobre o crime”, disse uma fonte ao UOL. Segundo informações passadas para a polícia, a mãe disse que Matheus não tem problemas psiquiátricos, que ela saiba ou que tenha sido diagnosticado até então. Ele nunca chegou a ir ao médico para investigar se teria alguma doença.
Pelo menos dez pessoas, entre amigos e parentes da vítima, foram prestar depoimento na última quarta-feira. Vitórya Melissa era a irmã mais velha de três filhas, trabalhava há mais de três anos em uma cafeteria do Shopping Plaza e fazia curso técnico de enfermagem no Senac desde março de 2020, onde conheceu Matheus.
Em depoimento na 76ª DP, uma amiga próxima da vítima que também estudava com o criminoso, esclareceu que Matheus e Vitórya eram amigos, mas nada além disso. Durante o período que eles tiveram aula online, a jovem contou a amiga que o criminoso teria se declarado, mas que ela havia deixado claro que o relacionamento deles seria apenas amizade.
A estudante não soube dizer à polícia se Matheus tinha algum distúrbio ou se fazia uso de medicamentos, mas que a única amizade que ele tinha no curso seria de Vitórya: “Em comunicação pessoal, Matheus apresentava sérias dificuldades, se expressando sempre em um tom de voz tão baixo, que era difícil compreendê-lo. Já na comunicação via Whatsapp, ele integrava nos grupos do curso e se expressava muito bem”, contou a amiga da vítima, no depoimento.
Por medo de magoá-lo, Vitórya pediu à amiga para conversar com Matheus, que teria ficado indignado: “Ele acreditava que Vitórya poderia ser mais respeitosa sobre esse assunto. Para não dar qualquer esperança ao Matheus, ela optou por se distanciar e não mais manter uma relação de amizade tão próxima, e este distanciamento provocou a ira do rapaz, que afirmou estar sendo desrespeitado por Vitórya, alegando imaturidade da mesma. Ele chegou a escrever o palavrão ‘foda-se’ em conversa junto a declarante, referindo-se a continuidade do comportamento desprezível por parte da Vitórya”, segundo o depoimento.
No dia do crime, eles tiveram aula normalmente pela manhã e Matheus não demonstrou comportamentos estranhos. Em depoimento, ela conta que Vitórya teria desistido de estudar em grupo e, por isso, Matheus também desistiu. Na hora de voltar para casa, Matheus, que iria pegar a balsa para São Gonçalo com os colegas, mudou o caminho e foi até o shopping, pois sabia que ela estaria por lá.
A amiga acredita que o sentimento de rejeição e solidão, seja em aspectos amorosos ou de amizade, foram as circunstâncias motivadoras para a prática do crime.
Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba