Arielly Michelle Santos da Silva, 30, não teve tempo de entender o que estava acontecendo com sua amiga enquanto trabalhavam no bairro de Itapuã, em Salvador (BA). O suposto cliente da colega de trabalho — ambas são mulheres trans e profissionais do sexo — foi em direção a ela e a agrediu com uma barra de ferro. O autor da transfobia é um militar da Aeronáutica, segundo relatos de vítimas e testemunhas.
“Primeiro, ele se passou por cliente. Depois deu uma ‘bofetada’ na cara dela. Ainda tentou tomar a bolsa da minha amiga. Aí ele me viu na esquina e começou a me filmar. Voltou para o carro, pegou uma barra de ferro e bateu em mim também, na minha coxa. Chegamos a entrar em luta corporal antes de ele fugir em seu carro”, conta Arielly a Universa.
As agressões teriam acontecido no início de fevereiro próximo a uma vila militar da Aeronáutica, em um trecho da orla de Salvador. E esse não foi o primeiro episódio de violência praticada pelo mesmo homem contra Arielly. “Ele me agrediu com um pedaço de pau no final de 2021. Quando tentei denunciar, um policial militar chegou a me dizer que não teria o que fazer porque pedaço de pau não deixa digital”, afirma.
Segundo a Polícia Civil da Bahia, desde novembro do ano passado oito mulheres trans que trabalham na região denunciaram o mesmo militar. Tanto elas quanto o suspeito já foram ouvidos, e um procedimento foi concluído e encaminhado ao Ministério Público da Bahia. “Detalhes não podem ser divulgados porque o inquérito é um documento sigiloso”, informou a polícia à reportagem.
O MP, por sua vez, disse que está acompanhando os casos por meio da 4ª Promotoria de Justiça de Direitos Humanos com Atribuição em Defesa da População LGBTQIA+. “O MP acompanha o inquérito policial instaurado para apurar o primeiro episódio relatado e está analisando informações coletadas sobre os fatos mais recentes, para adoção das medidas cabíveis. As informações serão atualizadas assim que houver desdobramentos”, afirmou o órgão em nota.
Fonte: UOL
Créditos: UOL