Operação Capitu

Polícia Federal cumpre mandados em desdobramento da Operação Lava-Jato, na Paraíba

Também são alvos da operação os estados de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso

 

A Polícia Federal está cumprindo um mandado de busca e apreensão, na manhã desta sexta-feira (9), no bairro do Altiplano, em João Pessoa, no residencial de luxo Fontana di Mary, em uma operação que investiga suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura durante o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo a PF, a organização criminosa atuava também na Câmara dos Deputados. Um deputado federal à época dos fatos investigados seria o alvo do mandado na Paraíba.

Ao todos, estão sendo cumpridos 63 mandados judiciais de busca e apreensão e 19 mandados de prisão temporária, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Foram mobilizados 310 Policiais Federais nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraíba e no Distrito Federal para a Operação Capitu.

Batizada de Capitu, a operação é um desdobramento da Lava Jato e feita em conjunto com a Receita Federal. A operação é baseada na delação do doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do MDB.

Como funcionava o esquema

A Polícia Federal instaurou um inquérito policial em maio deste ano, baseado na delação do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no MAPA em 2014 e 2015. A Polícia Federal apurou a atuação de uma organização criminosa na Câmara dos Deputados e no MAPA, integrada por empresários e executivos de um grande grupo empresarial do ramo de processamento de proteína animal.

Esse grupo dependia de normatizações e licenciamentos do MAPA e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão do Ministério em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado.

As propinas eram negociadas, geralmente, com um deputado federal e entregues aos agentes políticos e servidores do MAPA pelo operador Lúcio Funaro. Entre os atos de ofício praticados pelos servidores do MAPA destacam-se a expedição de atos normativos, determinando a regulamentação da exportação de despojos, a proibição do uso da ivermectina de longa duração e a federalização das inspeções de frigoríficos. O grupo empresarial teria pago R$ 2 milhões pela regulamentação da exportação de despojos e R$ 5 milhões pela proibição do uso da ivermectina de longa duração.

Paraíba envolvida na investigação

De acordo com a Polícia Federal, um deputado federal da Paraíba à época dos fatos teria recebido R$ 50 mil do grupo como contrapartida, em decorrência da tentativa de promover a federalização das inspeções sanitárias de frigoríficos por meio de uma emenda, cujo objeto tinha natureza diversa do escopo da medida provisória nº 653/2014 na qual foi inserida. O mandado de busca e apreensão está sendo cumprido na casa dele.

Vice-governador de MG preso

O vice-governador de MG, Antonio Andrade (MDB), os executivos da JBS Joesley Batista, Ricardo Saud e Demilton de Castro foram presos nesta sexta-feira (9) durante a operação. Também foram presos o deputado estadual João Magalhães (MG) e o deputado federal eleito Neri Geller (PP-MT), que foi ministro da Agricultura de março a dezembro de 2014, durante o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT).

Fonte: T5
Créditos: T5