Um pastor evangélico foi preso preventivamente, nesta sexta-feira (10), por suspeita de abuso sexual contra seis crianças, incluindo a própria filha. As vítimas têm entre 2 e 11 anos. Os crimes teriam ocorrido no distrito de Jaibaras, na Zona Rural de Sobral, no Interior do Ceará.
Na tarde de hoje, o suspeito foi localizado no município de Viçosa, na Serra da Ibiapaba. Ele nega as acusações.
Conforme relatos, o homem aproveitava-se da imagem de religioso para conquistar a confiança da família. Após denúncias de outras vítimas, a filha dele relatou à mãe os abusos cometidos pelo pai.
“Eu morava com um monstro e não sabia”, lamentou a esposa do suspeito. O áudio foi exibido no CETV 2ª edição, da TV Verdes Mares.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sobral, unidade da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), apura uma denúncia de estupro de vulnerável. A pasta não deu mais detalhes do caso e informações sobre o suspeito.
O QUE FAZER EM CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que os pais sempre procurem ajuda de um especialista quando suspeitarem que seus filhos estejam passando por abusos.
No caso de adolescentes, os sinais podem se confundir com a própria fase de desenvolvimento. Por isso é importante ter avaliação de algum especialista neste processo – psicólogo, professor ou pediatra, por exemplo.
Outro ponto importante é que, muitas vezes, por se sentir culpada, envergonhada ou acuada, a criança/adolescente acaba não revelando verbalmente que está ou que viveu uma situação de abuso. Mas há situações também em que ela tenta contar para alguém e acaba não sendo ouvida.
“Por isso, o principal conselho dos especialistas é sempre confiar na palavra dela. É importante que, quando a criança/adolescente tentar falar alguma coisa, ela se sinta ouvida e acolhida. E, nunca questionar aquilo que ela está contando ou tentar responsabilizá-la pelo ocorrido”, orienta a SBP.
VEJA OS SINAIS, DE ACORDO COM A SBP:
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
O primeiro sinal a ser observado é uma mudança no padrão de comportamento das crianças e adolescentes, que costuma ocorrer de maneira repentina e brusca. Isso também pode se apresentar com relação a uma pessoa específica, o possível abusador, portanto de fácil percepção.
Alguns exemplos são:
Se a criança /adolescente nunca agiu de determinada forma e, de repente, passa a agir;
Se começa a apresentar medos que não tinha antes – do escuro, de ficar sozinha ou perto de determinadas pessoas;
Mudanças extremas no humor: era ‘super extrovertida’ e passa a ser muito introvertida.
PROXIMIDADE EXCESSIVA
Apesar de, em muitos casos, a vítima demonstrar rejeição em relação ao abusador, é preciso usar o bom senso para identificar quando há uma proximidade excessiva – que também pode ser um alerta.
Se, ao chegar à casa de familiares ou conhecidos, a criança/adolescente desaparecer por horas brincando com um familiar ou se é alvo de um interesse incomum de membros mais velhos da família em situações em que ficam sozinhos sem supervisão, é preciso estar atento.
Nessas relações, muitas vezes, o abusador manipula emocionalmente a vítima que nem sequer percebe estar sendo vítima, o que pode levar ao silêncio por sensação de culpa.
REGRESSÃO
Outro indicativo é o de recorrer a comportamentos que a criança/adolescente já abandonara, mas volta a apresentar de repente.
Alguns sinais são:
Fazer xixi na cama ou chupar o dedo;
Começar a chorar sem motivo aparente;
Se isolar com medo, não ficar perto de amigos, não confiar em ninguém, não sorrir ou usar roupas incompatíveis com o clima – como mangas longas – ou fugir de qualquer contato físico.
SEGREDOS
O abusador pode fazer ameaças de violência física e promover chantagens para não expor fotos ou segredos compartilhados pela vítima. É comum também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de benefício material para construir a relação com a vítima.
É preciso explicar para os filhos que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com adultos de confiança, como a mãe ou o pai.
HÁBITOS
Uma vítima de abuso também apresenta alterações de hábito repentinas. Pode ser desde um mau desempenho escolar, falta de concentração ou uma recusa a participar de atividades, até mudanças na alimentação (anorexia, bulimia) ou distúrbio do sono.
QUESTÕES DE SEXUALIDADE
As vítimas podem reproduzir o comportamento do abusador em outras crianças/adolescentes. Por exemplo, chamar os amiguinhos para brincadeiras que têm algum cunho sexual ou algo do tipo; ou a vítima que nunca falou de sexualidade começa a fazer desenhos em que aparecem genitais.
O uso de palavras diferentes das aprendidas em casa para se referir às partes íntimas também é motivo para se perguntar onde seu(sua) filho(a) aprendeu tal expressão.
QUESTÕES FÍSICAS
Há, também, os sinais mais óbvios de violência sexual que deixam marcas físicas que, inclusive, podem ser usadas como provas à Justiça. Existem situações em que a criança/adolescente acaba até mesmo contraindo infecções sexualmente transmissíveis ou engravidando.
Deve-se ficar atento a possíveis traumatismos físicos, lesões, roxos ou dores e inchaços nas regiões genitais ou anal, roupas rasgadas, vestígios de sangue ou esperma, dores ao evacuar ou urinar.
NEGLIGÊNCIA
Muitas vezes, o abuso sexual vem acompanhado de outros tipos de maus-tratos que a vítima sofre em casa, como a negligência. Filhos que passam horas sem supervisão ou que não têm o apoio emocional da família, com o diálogo aberto com os pais, podem estar em situação de maior vulnerabilidade.
COMO DENUNCIAR
As denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da SSPDS, ou para o (85) 3101-0181, WhatsApp por onde podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia.
As denúncias podem ser repassadas ainda para a DDM de Sobral, pelo telefone (88) 3677-4282. A unidade especializada fica na Avenida Lúcio Saboia, 358, no Centro de Sobral. O sigilo e o anonimato são garantidos.
Fonte: Polêmica Paraíba com Diário do Nordeste
Créditos: Polêmica Paraíba