50 Crimes

Pastor acusado de violentar dezenas de jovens fieis é preso

Foto: Reprodução
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A Polícia Civil de Goiás prendeu nesta terça-feira (28) o pastor evangélico Dagmar José Pereira por importunação sexual e estupro de vulnerável. De acordo com a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) de Senador Canedo, no interior do Estado, ele é acusado de se aproveitar da sua condição de líder espiritual para cometer os mais de 50 crimes pelos quais é acusado.

Dagmar é ligado ao Ministério de Anápolis (GO) da Igreja Evangélica Assembleia do Reino de Deus. Segundo as denúncias, tinha o costume de violentar os jovens que frequentavam a instituição. De acordo com o site Fuxico Gospel, especializado em notícias do meio evangélico, são mais de 50 vítimas e o pastor foi alvo de um mandado de prisão preventiva e deve ficar à disposição da Justiça enquanto as investigações são concluídas.

As denúncias começaram a aparecer nas redes sociais em 15 de maio por meio de um perfil identificado como “Isabella Sâmara” que reuniu e difundiu os relatos das vítimas. No mesmo dia, a titular do perfil participou de uma live com um advogado que garantiu que seu escritório entraria no caso para pedir a prisão do pastor.

O nome de Dagmar só foi revelado na quinta-feira, 16 de maio, quando a denúncia foi formalizada. Dois dias depois ele já era investigado pelas autoridades.

O nome de Dagmar só foi revelado na quinta-feira, 16 de maio, quando a denúncia foi formalizada. Dois dias depois ele já era investigado pelas autoridades.

A Polícia Civil realizou uma série de diligências para apurar o caso e descobriu que Dagmar tinha um método. Primeiro, ele utilizava sua posição de líder religioso e espiritual, que conferia confiança junto às famílias, para assumir um papel de ‘conselheiro dos jovens’. Uma vez com acesso às crianças e adolescentes, fazia suas vítimas.

Os crimes são praticados há décadas e as vítimas são meninas e meninos, alguns menores de 18 anos, de diversas regiões do país. Ouvidas pela polícia, as vítimas relataram desde beijos de língua forçados até o sexo oral forçado – e tudo o mais que esteja entre ambos os delitos, como carícias em partes íntimas e toques no órgão genital do líder religioso.

O pastor percorreu vários estados durante a sua trajetória de líder religioso. Dagmar José Pereira começou sua carreira na Igreja Assembleia do Reino de Deus em Parauapebas, no Pará, como líder jovem. Já naquele momento ele teria cometido abusos e foi transferido pela liderança da instituição após rumores de assédios contra fiéis.

“No início ele era um ótimo líder de jovens e tinha capacidade de fazer os jovens se aproximarem dele e da igreja. Mas um belo dia ele me chamou na casa dele. Ele morava do lado da igreja. Eu, inocente, fui. E as vezes em que isso aconteceu foram todas no susto. Essa foi a primeira vez, mas tiveram outras. Quando eu entrei no quarto ele foi e me beijou. Um beijo de novela [de língua]. Eu tinha 12 anos, fiquei chocada. Mas teve outro dia com uma oração pela noite, tipo uma vigília, e nesse dia acabou a energia. Eu estava do lado dele quando caiu a luz e ele me chamou: ‘vem cá’. Eu fui, de novo, na inocência. Gente, foi dentro da igreja”, relatou uma das vítimas.

Mas esses primeiros crimes não impediram que Dagmar ganhasse prestígio na igreja e deixasse de ser um líder jovem para se tornar pastor. Conforme apontam as denúncias, ele teria continuado fazendo vítimas em todos os lugares por onde passou como líder religioso até chegar a Senador Canedo, Goiás.

Em Parauapebas, onde residiu entre 2007 e 2016, o pastor fez vítimas de 11 e 12 anos. Já em Senador Canedo as vítimas tinham pelo menos 12 anos. Mas ele também abusou de maiores de 18.

Mas antes mesmo de entrar para a igreja, ainda em 2005, ele foi indiciado por um estupro contra um adolescente de 14 anos. O inquérito foi de responsabilidade da Delegacia de Nerópolis, também em Goiás.

Não localizamos o pastor Dagmar ou sua defesa. Tampouco encontramos pronunciamentos na imprensa. Caso queiram se manifestar, o espaço está aberto.

Assembleia de Deus

Apesar do nome ser parecido, a Assembleia do Reino de Deus não é a igreja do famoso pastor bolsonarista Silas Malafaia, que é ligado à Assembleia de Deus Vitória em Cristo. As duas instituições, no entanto, fazem parte do mesmo movimento evangélico, o da Fraternidade Mundial das Assembleias de Deus, surgido no início do século XX.

Fonte: Revista Fórum