O médium João de Deus e a mulher dele, Ana Keyla Teixeira, foram indiciados pela Polícia Civil por posse ilegal de armas. A informação foi divulgada na manhã desta quinta-feira (10), durante coletiva concedida pela delegada Karla Fernandes, em Goiânia. Ela também anunciou o fim da força-tarefa da corporação criada para investigar as denúncias contra o religioso.
O G1 entrou em contato com os advogados de João de Deus e Ana Keyla às 11h15 desta quinta-feira, por mensagem, e aguarda retorno.
Veja um resumo sobre a situação de João de Deus:
Ação na Justiça: João de Deus já virou réu após denúncia do Ministério Público por violação sexual e estupro de vulnerável (o processo cita 4 vítimas);
Investigação: a Polícia Civil indiciou o médium por apenas um caso de violação sexual mediante fraude. O caso é mesmo já incluído na denúncia do MP;
Investigação: a polícia também indiciou João de Deus por posse ilegal de armas. O MP deve analisar o caso e decidir se apresenta denúncia à Justiça.
Agora, os inquéritos são enviados para o Poder Judiciário, que abre vista para análise do Ministério Público, que pode oferecer a denúncia, pedir o arquivamento ou solicitar novas diligências policiais. Se houver denúncia, a Justiça pode aceitar ou não da denúncia. Aceitando, ele continua tramitando para que o réu possa ser julgado e condenado ou absolvido.
O médium foi preso após as denúncias de abusos sexuais durante os atendimentos espirituais que realizava. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. João de Deus sempre negou os crimes.
“A força-tarefa da Polícia Civil encerrou todos os seus procedimentos porque já foram indicados em dois [casos] por posse ilegal de arma tanto o João de Deus, como a esposa dele, Ana Keyla, uma vez que ambos moram na mesmas residências, tanto de Abadiânia, como Anápolis. Nas duas cidades houve apreensão de armas de fogo”, afirmou a delegada.
Sobre as armas, um dos advogados de João de Deus, Alex Neder, disse que o médiu relatou em depoimento à polícia, na cadeia, que as armas eram de pessoas que queriam tentar se matar ou como “garantia” de empréstimos.
Outros crimes
Além disso, ainda conforme Karla, João de Deus foi indiciado por violação sexual mediante fraude. Segundo ela, o crime ocorreu há mais de dois anos e a vítima, de 30, mora em São Paulo.
“Em relação aos abusos nós também estamos encaminhando [inquérito] hoje sendo indicado por fato ocorrido em 2016 em que a vítima representou na data correta e reside em São Paulo. Esse inquérito já tinha sido instaurado em agosto do ano passado e está sendo também enviado com indiciamento”, informou.
A delegada explicou ainda que concluiu outros quatro inquéritos relacionados a crimes sexuais. Porém, nestes casos, foi sugerido o arquivamento.
“Os outros quatro, que estavam também em andamento estão também sendo relatados sugerindo arquivamento, uma vez que tem extinção de punibilidade, ou seja, todos os procedimentos em andamento na Polícia Civil até o presente momento estão sendo encaminhados ao Poder Judiciário, tanto de Abadiânia quanto de Anápolis”, explicou.
Conforme a delegada, são três casos de estupro de vulnerável contra pessoas com menos de 13 anos, que ocorreram em 1987, 1989 e 1990. O outro é referente a um caso de 2005, por violação sexual mediante fraude.
Interrogatório
A delegada interrogou João de Deus na cadeia, na quarta-feira (9), pela crime de posse ilegal de arma de fogo. Ela ficou por cerca de duas horas no local.
Essa foi a segunda vez que o médium foi ouvido pela corporação. A primeira foi logo após ele se entregar à Polícia Civil, em 16 de dezembro do ano passado, data em que foi preso.
Na quarta-feira, a juíza Rosângela Rodrigues dos Santos aceitou a denúncia contra João de Deus no processo que envolve quatro vítimas, com relação aos crimes de violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável.
Já Ana Keyla foi ouvida pela polícia durante 2h, no último dia 26 de dezembro, na Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), em Goiânia. Na ocasião, ela afirmou que não acreditava nas denúncias de abuso sexual contra o marido e que também não as aceitaria.
A delegada não acredita na versão de Ana Keyla de que ela não sabia das existência das armas devido aos locais em que elas foram encontradas.
“Uma vez que residem no mesmo local, ambas as pessoas são responsáveis tendo conhecimento. Armas estavam, inclusive, em gavetas de peças íntimas dela. Não tem como morar no local e não saber que tem arma de é dentro de uma gaveta que ela mesma usa”, afirmou a Karla.
MP e Justiça
O médium já foi denunciado pelo MP-GO no dia 28 de dezembro por quatro crimes que englobam fatos investigados pela Polícia Civil e pelo próprio MP: dois por violação sexual mediante fraude e dois por estupro de vulnerável.
Também nesta quarta-feira, o médium se tornou réu na denúncia feita pelo MP-GO pelos crimes de estupro de vulnerável e violação sexual.
Situação atual
Confira fatos importantes do caso citados do mais recente para o mais antigo:
Juíza aceitou denúncia contra João de Deus e ele se tornou réupor abusos sexuais no dia 9 de janeiro;
João de Deus teve R$ 50 milhões bloqueados em dinheiro e imóveis no dia 9 de janeiro;
O MP-GO recorreu, no TJ-GO, de decisão que determina prisão domiciliar de João de Deus por posse de arma, em 29 de dezembro. Ainda não há nova decisão;
João de Deus teve habeas corpus negado no TJ-GO e STJ em dezembro. Ele ainda aguarda decisão do STF;
Médium é investigado pelos crimes de abuso sexual, violação sexual mediante fraude e posse ilegal de arma de fogo.
Fonte: G1
Créditos: G1