Gestos que você faz enquanto tira uma foto, em qualquer lugar, hoje podem ser fatais. Postagens nas redes sociais podem estar causado mortes de inocentes em vários estados do Brasil. Nos últimos meses, assassinatos estão sendo atribuídos a facções, que deveriam “punir” pessoas por fazerem símbolos de rivais, seja por provocação ou mesmo por engano.
O tema tem ganhado força nas ruas e nas redes sociais, com internautas repercutindo e revelando o medo de postar fotos em seus perfis temendo ser alvo de retaliação.
Assassinatos após supostas fotos com símbolos de facções
Na Paraíba, um jovem pode ter sido morto a tiros após postar uma foto com suposto gesto relacionado a facção criminosa, em João Pessoa. O rapaz de 20 anos foi assassinado a tiros na sucata onde trabalhava no bairro Varadouro, em João Pessoa, na terça-feira (07). O pai dele afirmou que o filho não tinha nenhum envolvimento com a criminalidade.
Outro caso ocorreu na Bahia, quando Marcos Vinícius Alves Gonçalves, 20, foi morto a tiros em Feira de Santana (115 km de Salvador) logo após a publicação de uma foto nas redes sociais. Ele também não possuía antecedentes criminais e seu gesto foi associado a uma facção que atua na cidade.
Em dezembro do ano passado, o adolescente Henrique Marques de Jesus, 16, morto em Jericoacora, teria feito, sem saber, um gesto com as mãos que seria símbolo de uma facção criminosa da região. Segundo Danilo Martins de Jesus, pai do jovem, esse foi o motivo do assassinato.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, existem 72 facções criminosas “de base prisional” no Brasil. A quantidade de dedos nas fotos tem relação com dois grandes grupos de facções, “tudo com 3” e “tudo com 2”.
Pesquisadores classificam os grupos
Em artigo no Observatório de Segurança Pública e Relações Comunitárias, ligado à Universidade Estadual Paulista (Unesp), o pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna lista facções do “tudo 2” e “tudo 3”.
Não são todas as facções brasileiras, nem a divisão é tão simples. Paraíba, Rio Grande do Sul e São Paulo, por exemplo, são realidades distintas. O cenário é complexo, com arranjos locais e facções menores.
Mais importante do que os sinais, que podem ser diferentes para a mesma facção, quantidade de dedos é determinante.
TUDO 2:
Novo Okaida (Paraiba e Rio Grande do Norte)
Comando Vermelho (origem no Rio de Janeiro, presente em diversos UF do Brasil)
União do Crime do Amapá (Amapá)
Comando da Paz (Bahia)
Bonde do Ajeita (Bahia)
Comando Vermelho do Maranhão (Maranhão)
Comando Vermelho de Goiás (Goiás)
Primeiro Comando de Vitória (Espírito Santo)
Máfia Paranaense (Paraná)
Primeiro Grupo Catarinense (Santa Catarina),
Comando Vermelho de Santa Catarina (Santa Catarina)
Bala na Cara (Rio Grande do Sul)
TUDO 3:
Estados Unidos (Paraíba)
Primeiro Comando da Capital (origem em São Paulo, presente em quase todas UF do Brasil),
Bonde dos 13 (Acre, Tocantins)
Terceiro Comando Puro (Rio de Janeiro)
Amigos dos Amigos (Rio de Janeiro)
Comando Classe A (Pará)
Família Terror (Amapá)
Primeiro Comando do Panda (Rondônia)
Guardiões do Estado (Ceará)
Bonde do Maluco (Bahia)
Comboio do Cão (Distrito Federal)
Os Manos (Rio Grande do Sul)
Além desses, outros sinais também podem ser classificados como gestos ligados a facções de várias partes do país (veja foto acima)