Contrariando sua previsão

Fernando Cunha Lima esperava ficar preso por dois dias, mas já ultrapassou esse prazo e deve permanecer detido 

Fernando Cunha Lima esperava ficar preso por dois dias, mas já ultrapassou esse prazo e deve permanecer detido 

O médico pediatra Fernando Cunha Lima, acusado de abuso de menores, segue detido desde a última sexta-feira (7), contrariando sua própria previsão de que ficaria preso apenas dois dias. Nesta quinta-feira (13), ele completa seis dias de prisão, com a perspectiva de permanência prolongada até nova decisão judicial.

Declaração de confiança e realidade da prisão

Ao ser conduzido para a Central de Polícia, em João Pessoa, na sexta-feira (7), Fernando Cunha Lima afirmou categoricamente à imprensa: “Agora, com a minha doença, eu não vou ficar preso”. Quando questionado sobre sua certeza, reforçou: “Tenho certeza. Eu vou ficar só dois dias e saio”. No entanto, sua realidade tem se mostrado diferente.

A defesa do médico entrou com um habeas corpus pedindo que ele seja beneficiado com prisão domiciliar, mas a Justiça de Pernambuco determinou que a decisão cabe à Justiça da Paraíba. Enquanto isso, Cunha Lima permanece detido no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, Pernambuco.

Fuga e capturas

Antes de ser preso, o médico ficou foragido por quatro meses, contando com a ajuda de familiares e conhecidos em Pernambuco. Em novembro de 2024, ele estava na casa de uma filha, no bairro Casa Forte, em Recife, mas fugiu uma semana antes de a Polícia Civil chegar ao local.

A Polícia Civil rastreou seus deslocamentos na Região Metropolitana de Recife, onde ele evitava aparecer em público e se escondia em diferentes residências. Sua esposa, embora também considerada desaparecida, ainda fazia compras em comércios locais, o que contribuiu para a localização dele.

Acusações e processos

As primeiras denúncias contra Fernando Cunha Lima surgiram em 25 de julho de 2024, quando uma mãe relatou que presenciou o pediatra tocando as partes íntimas de sua filha durante uma consulta em João Pessoa. O caso motivou outras vítimas, incluindo uma sobrinha do médico, a procurarem a Delegacia de Crimes contra a Infância e Juventude.

Atualmente, o médico responde por dois processos judiciais: um envolvendo quatro vítimas e outro com duas. O Ministério Público aponta que uma das crianças teria sido abusada duas vezes. Além disso, autoridades revisaram uma denúncia antiga de 1991, feita por sua sobrinha, que alega ter sido violentada por ele.

A Justiça da Paraíba tornou Cunha Lima réu por estupro em agosto de 2024, mas, na época, negou o pedido de prisão preventiva. A decisão pela prisão ocorreu apenas em 5 de novembro do mesmo ano, quando a Polícia Civil tentou cumprir o mandado e descobriu que o médico havia fugido. Desde então, ele era considerado foragido.