Polêmica

Transfobia na OAB-CG: Quando a primeira advogada trans é ignorada no mês da mulher

Transfobia na OAB-CG: Quando a primeira advogada trans é ignorada no mês da mulher

Campina Grande - No Mês da Mulher, quando a pluralidade e a força feminina deveriam ser celebradas, a OAB-CG protagonizou mais um episódio de apagamento e transfobia. Ignorando a própria categoria, a subseção excluiu a Dra. Isis Vasconcelos, 1ª advogada trans da PB, e convidou uma profissional de outra área para representar a pauta trans em seu evento oficial.

A decisão gerou indignação entre advogados e ativistas LGBTQIA+. A escolhida foi uma médica veterinária trans, sem vínculo com a advocacia. O que teria motivado a subseção? Falta de conhecimento ou uma decisão deliberada para silenciar a única advogada trans da entidade?

Para muitos, a escolha reflete um padrão estrutural de exclusão no meio jurídico, que historicamente marginaliza minorias. “Ser mulher trans na advocacia já é uma luta diária, ser ignorada pela própria instituição que deveria representar a classe é um golpe cruel”, desabafa a Dra. Isis Vasconcelos.

Ela traz uma reflexão contundente: “Se sou a única advogada trans entre milhares de advogados da Paraíba, esse não é um problema só meu, mas da sociedade e da própria OAB. Se não há mais pessoas trans nesses espaços, é porque não estão dando abertura.” Isis relembra sua trajetória: “Foram 23 anos presa e só pude ser quem sou como advogada aos 24 anos. O que vale mais? Dez minutos de atenção ou uma vida de luta? A justificativa do apagamento não faz sentido.”

Diante da falta de incentivo e do descaso com pautas inclusivas, vemos tentativas da subseção em debater gênero e LGBTQIAPN+, mas ainda sem mudanças estruturais. “É imprescindível respeitar os gêneros das pessoas, suas histórias e aplicar esse entendimento no meio jurídico. Além disso, entender legislações anti-discriminatórias não exige formação científica, apenas vontade.”

Apesar da crítica à gestão, Isis faz questão de reconhecer a colega trans convidada. “Louvo o convite à minha outra colega, admiro muito seu trabalho.”

Por fim, Isis lamenta que disputas políticas se sobreponham à inclusão. O episódio reforça a necessidade urgente de uma OAB realmente representativa. Afinal até quando interesses políticos mesquinhos cegarão os dirigentes da OAB?