Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, acusado de matar uma família no Incra 9, aterroriza, além dos moradores do local onde tem feito reféns, vítimas antigas. Uma mulher, que prefere não se identificar, foi estuprada por Lázaro em 2009 e, até hoje, carrega memórias dos momentos que passou nas mãos dele. Em entrevista ao Correio, ela conta que está há três dias sem dormir, por medo de reencontrar o homem.
“Eu tinha 19 anos. Ele invadiu a chácara que eu morava com a minha família em Sol Nascente, por volta das 2h da manhã. Aí, começou o terror”, conta. Atualmente, a mulher tem 30 anos. Na época, ela estava com primos e tios na chácara, quando Lázaro e o irmão invadiram o local com armas e facas. “Ele e o irmão nos prenderam no banheiro. Ficaram cerca de uma hora procurando dinheiro. Também tentaram roubar nossos carros, mas não conseguiram”, diz.
Ela acredita que a frustração irritou os irmãos. “Eles foram ficando irritados e violentos. Até que me tiraram do banheiro e me levaram para um córrego próximo à região”, diz. Segundo a vítima, ela foi violentada por todo a madrugada. Os homens só se dispersaram quando a polícia chegou, com um helicóptero.
Atualmente, ela acompanha a busca por Lázaro e teme um reencontro. “Só quero que ele seja preso. Não sei como um homem desses conseguiu estar fora da cadeia”, completa. Após o crime, ela e a família saíram da chácara em Sol Nascente.
Outros crimes
Desde antes da chacina contra a família Vidal, na madrugada de quarta-feira (9/6), Lázaro Barbosa de Sousa acumulava sete inquéritos policiais só no Distrito Federal. Ele é acusado de cometer quatro roubos em chácaras — o primeiro em 17 de maio; os quatro assassinatos no Incra 9; e um roubo seguido de estupro, em 26 de abril.
Raphael Seixas, delegado-chefe da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O), está à frente das investigações de cinco crimes cometidos por Lázaro: os roubos e o assassinato da família Vidal. “Pode ser que surjam outros delitos”, avalia o investigador. Ele acrescenta que a invasão à chácara de parentes das vítimas da chacina, em 17 de maio, é apurada pela 19ª DP (P Norte). “O registro ocorreu aqui na 24ª, mas, depois de a foto do suspeito ser divulgada pela imprensa, uma vítima reconheceu, veio à delegacia para avisar, e a investigação foi transferida”, detalha.
A chefe da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam 2), Adriana Romana, cuida do inquérito sobre o roubo seguido de estupro, no Sol Nascente. “Temos provas objetivas de que ele é o autor. Quando cometeu o crime, não sabíamos, mas a confirmação veio na semana passada, por meio de identificação civil com impressões digitais”, explica. A vítima estava grávida, e o caso deve ser analisado separadamente dos demais na Justiça.
Os episódios de barbárie cometidos por onde Lázaro passou podem somar mais de 320 anos de pena. É o que calcula o advogado criminalista Alexandre Carvalho. Pelos delitos no DF, o acusado pode ser condenado por violação de domicílio, sequestro, quatro homicídios e por latrocínio — roubo seguido de morte —, a depender da investigação. “É preciso analisar se ele entrou para matar ou roubar. Se houve assassinato após assalto, a violação domiciliar é descartada, mas a pena começa a aumentar”, avalia.
Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: Correio Braziliense