Durante a Operação Vendilhões, que apura se houve desvio de dinheiro de fiéis doados à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), foram apreendidos U$ 1,1 mil e € 700 com o padre Robson de Oliveira. Segundo o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) o dinheiro estava na Casa dos Padres, onde o pároco mora, em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia.
Criador da Afipe e outras associações com nomes similares (as Afipes), padre Robson é alvo da investigação, sendo o responsável pela entidade. O religioso, por meio de sua defesa, sempre negou qualquer desvio de doações de fiéis.
A apreensão foi feita no último dia 21 de agosto, quando a Operação foi deflagrada pelo MP. Na data, equipes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) também buscaram documentos, computadores, pendrives, HDs e celulares em vários endereços ligados à investigação. O intuito foi reunir evidências que possam comprovar se houve ou não desvio do dinheiro de fiéis doado à Afipe.
O pároco se afastou temporariamente das funções de reitor da Basílica de Trindade e do comando das entidades para colaborar com o MP. Ele afirmou que criou as associações com o objetivo de proporcionar auxílio na vivência da fé e propagar a devoção ao Divino Pai Eterno.
Em 2017, o padre foi vítima de extorsão. Criminosos ameaçaram divulgar um suposto relacionamento amoroso dele e pediram mais de R$ 2 milhões para não levar as informações a público. Segundo as investigações da polícia à época do caso, Robson pagou os autores do crime com dinheiro da Afipe.
Após apurações da Polícia Civil, cinco pessoas foram presas, indiciadas, denunciadas e condenadas pelas extorsões, tendo a corporação afirmando, ainda, que todo o material que o grupo ameaçava divulgar era falso.
A partir desta investigação, as autoridades observaram que a Afipe fazia frequentemente saques altos de dinheiro em espécie. Foi apurado ainda que cerca de R$ 20 milhões eram movimentados por ano nas Afipes.
Essas atividades chamaram a atenção dos investigadores, que apuraram que as Afipes fizeram centenas de transações imobiliárias nos últimos anos. Muitas delas, segundo consta nos documentos do MP, aparentavam causar prejuízo financeiro às associações.
As investigações do órgão também apontaram que os valores das transações eram, em sua maioria, muito altos. Tendo, por exemplo, uma fazenda em Goiás que foi comprada por R$ 90 milhões. Foram descobertos imóveis também em outros estados, como na Bahia – onde há uma casa de praia no nome da Afipe.
As argumentações do MP em pedidos de mandados à Justiça relatam que algumas empresas, quase sempre com os mesmos sócios, são as que têm mais transações com a associação. Quatro delas também têm o mesmo endereço oficial – um edifício comercial de luxo em Goiânia.
Diante das suspeitas, o órgão deflagrou a Operação Vendilhões, que investiga crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsificação de documentos, sonegação fiscal e associação criminosa envolvendo as Afipes. O MP-GO acredita que a quantia doada por fiéis foi usada para adquirir um avião, casa na praia e fazendas. Os desvios chegariam a R$ 120 milhões.
Além do padre Robson, aparecem nas peças do MP nomes de pessoas que trabalham com ele, parentes do pároco e políticos.
Fonte: G1
Créditos: G1