O Tribunal de Justiça de São Paulo, por meio da juíza Helena Furtado de Albuquerque, determinou o afastamento da promotora de Justiça Cristiana Tobias do processo que investiga o jogador de futebol Neymar Jr e alguns dos seus amigos – que fazem parte do grupo dos “parças” – pelos crimes de LGBTIfobia, incitação ao ódio e impalamento (método de tortura). O processo foi aberto pelo suplente de deputado estadual e ativista LGBTI+ Agripino Magalhães, que é representado na ação pelo criminalista Ângelo Carbone. A nova promotoria do caso ficou a cargo de Martha de Camargo.
A ação judicial teve início depois do vazamento de um áudio em que Neymar conversava com os amigos sobre seu ex-padrasto Tiago Ramos. O atleta contava ao grupo sobre a briga entre Ramos e sua mãe, Nadine Gonçalves, momento em que os amigos sugeriram uma ‘vingança’ contra o modelo. “Vamos matar, enfiar um cabo de vassoura no c* dele”, disse um dos ‘parsas’. Outro amigo questiona Neymar sobre quem seria o alvo da conversa e o jogador diz: “o namoradinho da minha mãe, o v*adinho que ela tá pegando”. Em outro momento do aúdio, ao ser questionado sobre onde sua mãe estaria após a briga com o ex, Neymar responde: “Ela está lá com o namoradinho dela, que dá o c* pra c******.”
O advogado de Agripino pediu em abril o afastamento de Cristiana Tobias do caso depois que ela negou o pedido de abertura do processo. A solicitação acerca do afastamento da promotora foi baseada na alegação de que ela mantinha relações com a família do atacante do Paris Saint German. Além disso, o advogado Ângelo Carbone também denunciou ao juízo que Cristiane mantinha proximidade com o advogado do jogador, Davi de Paiva Costa Tangerino. “Entendemos que a referida agente judicial não possui competência para acompanhar o caso, assim como de emitir pareceres dentro dos princípios de isenção e imparcialidade, conforme determina a jurisdição presente”. Por fim, o advogado reforça a estreita relação que Cristiane manteria com Tangerino: “Considerando o indeferimento por parte da respeitosa promotora de Justiça, dra. Cristina Tobias de Aguiar Moeller Steiner, de parte substancial do inquérito policial que investiga o crime de LGBTIfobia e crime de ódio cometido pelo sr. Neymar da Silva Santos Júnior. Considerando a aproximidade da referida promotora com a família do julgado e também do advogado, o sr. Davi de Paiva Costa Tangerino, os quais constam pertencer a mesma cidade de Tupã e por conta disso ter estreitos laços de amizade.”
Segundo Agripino e Carbone, o pedido foi feito após o estranhamento de algumas medidas que foram acontecendo no decorrer do processo, como por exemplo a retirada do nome do jogador da ação. Ainda de acordo com os dois, seria notório a amizade entre a promotora e o advogado do craque. Ângelo Carbone também afirma que seu cliente vinha recebendo ameaças de morte após denunciar o caso às autoridades, e que após instauração de um segundo inquérito para apurar o fato foi constatado que a autoria das ameaças teria partido do advogado de Neymar. A informação, segundo eles, teria sido repassada à promotoria, que teria permanecido inerte frente ao ocorrido. Além disso Carbone conta que, ao entrar com um recurso pedindo a reinserção do nome do jogador ao processo, a promotora não teria juntado o documento ao inquérito.
Além de acatar o pedido de afastamento da promotora Cristiane Tobias das investigações, a juíza Helena Furtado de Albuquerque solicitou que a investigação contra Neymar e seus amigos retorne para a delegacia de origem e que novas diligências sejam feitas.
A nova promotora do caso Martha de Camargo Duarte já retornou uma satisfação para juíza que analisa o processo. Por meio de um ofício enviado à Justiça, a promotora do Ministério Público informou que irá analisar o caso com a tomada de providências cabíveis, não somente em ocorrência dos crimes de ameaça e constrangimento, mas também “em relação a outras condutas”. Essas outras condutas que a nova promotora se refere versam às acusações que Agripino Magalhães e seu advogado fazem contra Neymar e Tangerino relativas aos crimes de homofobia, racismo, além de ameaça e fraude processual.
Fonte: IG
Créditos: IG