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CASO MARIELLE: PM envolvido no crime confirma à PF propina a delegacia do Rio

Ferreirinha confessou também que havia prestado falso testemunho ao incriminar Curicica e o vereador Marcelo Sicilliano (PHS-RJ) como mandantes do atentado.

O policial militar Rodrigo Jorge Ferreira afirmou em depoimento à Polícia Federal que levava dinheiro de suborno a policiais da DH (Delegacia de Homicídios da Capital), no Rio, a mando do miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica.

A declaração de Ferreirinha, como é conhecido o PM, consta no inquérito da PF que concluiu que ele e sua advogada obstruíram a investigação do duplo assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes.

O depoimento endossa a reportagem publicada em 4 de abril de 2019, que revelou que a PF encontrou provas de corrupção na DH da Capital, órgão da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

À PF, Ferreirinha confessou também que havia prestado falso testemunho ao incriminar Curicica e o vereador Marcelo Sicilliano (PHS-RJ) como mandantes do atentado.

A Secretaria de Estado da Polícia Civil do Rio de Janeiro não quis se pronunciar porque o Caso Marielle “continua em sigilo”.

Em 22 de fevereiro deste ano, uma sexta-feira, Ferreirinha prestou depoimento aos delegados federais Leandro Almada e Milton Neves, na sede da Superintendência da PF no Rio.

Quando decidiu incriminar Curicica e Sicilliano, o PM apresentou primeiro sua história inventada a outros três delegados federais, em maio do ano passado.

A certa altura do interrogatório, Almada questionou o motivo de Ferreirinha não ter procurado diretamente a DH, já que essa delegacia chefia a investigação sobre as mortes de Marielle e Anderson.

“Porque como eu relatei antes, quando o Ricardo era vivo, eu levava dinheiro lá [na DH]. Eu não me sentia seguro de ir lá”, respondeu Ferrerinha.

Curicica denunciou corrupção na DH

Logo após Ferreirinha mentir que Curicica era um mandantes da morte de Marielle, o miliciano, que estava preso no Rio, foi transferido para o presídio federal de Mossoró (RN).

Lá, prestou depoimento ao MPF (Ministério Público Federal) no qual afirmou que o então delegado Giniton Lages tentou convencê-lo a assumir a morte de Marielle e revelou ainda um suposto esquema de corrupção na DH que barraria investigações sobre homicídios ligados ao jogo do bicho e às milícias. Lages negou a acusação.

O depoimento de Curicica foi a “peça-chave” para que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, determinasse a entrada da PF no caso. Na última semana, o STJ determinou que Dodge tivesse acesso ao inquérito da PF.

Em sua confissão à PF, o PM Ferreirinha disse que mentiu para se livrar de Curicica, pois tinha medo de ser assassinado a mando do miliciano.

A investigação sobre as mortes de Marielle e Anderson continua na DH. O PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz foram presos em março sob acusação de terem executado o atentado. Ambos negam a acusação.

Até o momento, nem a investigação do MP-RJ nem a da Polícia Civil apontaram os mandantes do duplo assassinato.

Ferrerinha foi preso em 31 de maio de 2019, em uma operação comandada justamente pela Polícia Civil para desmontar a milícia comandada por Curicica, na zona oeste do Rio. Procurado, o delegado da PF Leandro Almada não se pronunciou sobre o caso.

Fonte: UOL
Créditos: UOL