A babá Thayna de Oliveira Ferreira prestou novo depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca), na noite de segunda-feira (12/4), por cerca de 6 horas, e confirmou que mentiu na primeira vez que esteve na delegacia para falar das supostas agressões contra o menino Henry Borel Medeiros, 4 anos. Disse que teve medo de contar a verdade e nega ter recebido dinheiro para isso.
Thayna contou à polícia que mentiu por ter visto o que o padrasto de Henry, Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, “tinha feito contra uma criança”. Alegou que ficou com medo de que “algo também pudesse acontecer com ela própria”.
Afirmou ainda que recebeu orientações de Monique Medeiros, a mãe do garoto, do advogado André França e de Thalita Fernandes, irmã do vereador Jairinho, para negar qualquer agressão ou briga de família.
A jovem começa o depoimento, ao qual o Metrópoles teve acesso, afirmando que o padrasto e a mãe do menino Henry “brigavam com frequência, quase toda semana”. Mensagens trocadas em 12 de fevereiro, entre mãe e babá, revelaram à polícia que Jairinho agrediu o menino pelo menos uma vez.
A polícia já anunciou que vai representar na Ordem dos Advogados do Brasil contra o advogado André França. Procurado, ele ainda não respondeu.
A babá relatou que percebeu ocasiões “anormais” em três momentos: em 2 de fevereiro, primeiro dia de aula da criança, quando Jairinho chamou Henry de “mimado” e o levou para o quarto do casal para “ter uma conversa”. De acordo com Thayna, padrasto e enteado ficaram trancados por cerca de 30 minutos, com televisão alta. Quando o garotinho saiu do cômodo, ela perguntou o que havia acontecido, e o menino respondeu: “Esqueci”.
Em seguida, Thayna contou outro momento “anormal” presenciado por ela. Segundo se recorda, foi na última semana de fevereiro, quando Jairinho chegou a casa mais cedo e chamou o menino para o quarto do casal. O vereador trancou a porta, e os dois permaneceram por cerca de 10 minutos no local, de acordo com a depoente. Ao abrir a porta, a babá perguntou para Henry o que havia acontecido, e ele respondeu que caiu da cama.
Segundo Thayna, o garoto estava “visivelmente intimidado” e, logo depois, disse que estava com a cabeça doendo. A jovem, então, perguntou para Jairinho se a criança havia caído da cama, e o vereador respondeu que não. Em seguida, a babá levou Henry à cozinha para comer bolo, momento que percebeu uma mancha roxa no braço do menino. O casal alega acidente doméstico, mas laudo cadavérico apontou morte violenta.
A morte de Henry
Thayna contou ao delegado Henrique Damasceno e aos investigadores da 16ª DP (Barra da Tijuca) que soube da morte de Henry por Thalita, irmã de Jairinho, que ligou para a babá e disse que o menino havia passado mal e morrido.
A depoente conta que, dias depois do óbito da criança, recebeu uma ligação de Thalita dizendo para ela comparecer ao escritório de André França, até então advogado do casal, no Centro do Rio.
Ao chegar, Rosângela, empregada da família, foi a primeira a ser recebida para conversar com a defesa de Jairinho e Monique. Enquanto esperava sua vez, Thayna foi recebida pela mãe de Henry, que a chamou para uma sala e pediu para que ela dissesse que “nunca havia visto nada, que nunca havia ouvido nada e que era para apagar todas as mensagens”. A babá disse aos investigadores ter se sentido “intimidada, já que Monique falou de forma impositiva”.
Em seguida, André França entrou na sala e perguntou para Thayna se ela colocaria a mão no fogo por Jairinho e por Monique. A babá respondeu que não, que só colocaria a mão no fogo por ela própria. O advogado pediu para a jovem relatar na delegacia e em uma entrevista para um canal de televisão que a relação de todos era de harmonia e que nunca havia visto algo estranho.
Dias depois, Thayna foi convocada por Thalita, irmã do vereador do Rio, para ir até a casa dos pais de Jairinho, em Bangu, zona oeste do Rio. Lá chegando, Thalita pediu para a babá contar tudo o que sabia para ela. Quando Thayna começou a relatar os episódios de agressão, a irmã do político interrompeu a fala e pediu para ela não ser “juíza do caso do irmão” e que “menos é mais”, dando a entender para Thayna não falar tudo que sabia.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Metrópoles