crime histórico

Assassinato do jornalista Paulo Brandão completa 36 anos neste domingo (13)

Brandão foi morto a tiros em 1984 por ter denunciado corrupção no Governo da Paraíba.

Assassinato do jornalista Paulo Brandão completa 36 anos neste domingo (13)

Neste domingo (13), faz 36 anos da morte do jornalista, advogado e empresário Paulo Brandão. Ele foi morto a tiros quando deixava a fábrica Polyutil, em prédio que funcionava às margens da BR-101 Sul, em João Pessoa.

Brandão foi assassinado com mais de 30 tiros disparados por metralhadora e pistola por policiais militares. O crime ocorreu após publicação de várias denúncias veiculadas no Jornal Correio da Paraíba na época, informando a população sobre esquemas de fraudes em licitações e superfaturamento no Governo do Estado.

Investigação
Logo no início das investigações, a Polícia Civil identificou suspeitas de que a ordem para o crime teria partido do Palácio da Redenção, sede do governo estadual. A Polícia Civil abriu um inquérito, conduzido pelo então delegado Janduy Pereira, mas seis meses depois, nada de concreto foi encontrado.

Mesmo assim, os indícios apontavam que a autoria material e intelectual incluía o então governador Wilson Braga como suposto mandante. Braga morreu no dia 17 de maio deste ano, em João Pessoa, vítima de Covid-19, aos 88 anos. A esposa dele, a ex-primeira-dama Lúcia Braga, morreu alguns dias antes, em João Pessoa, aos 85 anos, com a mesma doença.

Familiares e amigos de Paulo Brandão se mobilizaram, junto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para que o caso passasse a ser investigado pela Polícia Federal. Assim que a PF assumiu, confirmou que a metralhadora usada no crime pertencia ao Palácio da Redenção.

Acusados
Foram indiciados pela PF o coronel da PM José Geraldo Soares de Alencar, conhecido como “Coronel Alencar”, à época chefe da Casa Civil do Governo do Estado, o sargento Manoel Celestino da Silva, o subtenente Edilson Tibúrcio de Andrade e o cabo José Alves de Almeida, conhecido como “cabo Teixeira”.

Segundo apuração do Jornal Correio da Paraíba, o coronel Alencar foi quem planejou o crime, executado pelos outros três militares. Ainda foi indiciada uma quinta pessoa, Ascendino José da Silva Cavalcanti, pelo crime de falso testemunho.

Dos três indiciados, o coronel Alencar foi condenado a 20 anos de prisão, como autor intelectual do crime, o sargento Manoel Celestino foi condenado a 23 anos de prisão, por ter sido um dos executores, mesmo motivo da condenação do subtenente Edilson, a 15 anos de prisão. Ascendino ficou livre porque o crime do qual era acusado prescreveu, por conta da demora na realização do julgamento.

O cabo Teixeira usou as brechas da Lei para escapar da prisão. Fugiu do Estado durante muitos anos, o que dificultou a realização de seu julgamento. Somente em 2010, 26 anos após o crime, a Justiça decidiu julgar o último acusado, mesmo com sua ausência, mas o resultado foi favorável ao réu. Teixeira já tinha 74 anos de idade e a legislação diz que a idade do réu passando dos 70, o prazo para prescrição do crime cai pela metade.

Indenização a familiares
Somente em 2007, o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) condenou o Estado a pagar uma indenização de R$ 400 mil, à família de Paulo Brandão. Por decisão unânime da 4º Câmara Cível, o Estado também teve que pagar um valor pouco superior a R$ 8 mil por danos morais e uma pensão alimentícia para a viúva e dois filhos do jornalista. A decisão negou recursos impetrados pelo Estado, que tentava modificar sentença anterior, favorável à família, alegando a inexistência da responsabilidade objetiva no caso.

Fonte: Portal Correio
Créditos: Portal Correio