Paraisópolis

Após mortes, MP estuda propor mudanças em protocolo de ação da polícia

"A polícia vai participar. Vamos conversar com todos os envolvidos e, com certeza, vamos encontrar soluções melhores"

Após a ação policial que terminou com nove mortos e 12 feridos em um baile funk de Paraisópolis no fim de semana, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, afirmou nesta terça-feira, 3, que o Ministério Público (MPE-SP) estuda propor mudanças no protocolo de operações da Polícia Militar. No dia anterior, a gestão João Doria (PSDB), responsável pela PM, afastou das ruas seis PMs envolvidos na ocorrência, mas defendeu a atuação dos agentes contra pancadões.

Embora nem todos os procedimentos sejam públicos, a PM de São Paulo conta há anos com protocolos para operações de controle de distúrbios ou dispersão de multidões. Segundo o chefe do MPE-SP, órgão responsável por fazer o controle externo da polícia, possíveis alterações serão discutidas durante um fórum especificamente sobre atuação policial em bailes funks — ainda sem data para acontecer.

“A polícia vai participar. Vamos conversar com todos os envolvidos e, com certeza, vamos encontrar soluções melhores”, afirmou Smanio. “Se chegarmos à conclusão, vamos propor as modificações que acharmos cabíveis.” A ideia de realizar o fórum surgiu após a reunião do procurador-geral com representantes da comunidade Paraisópolis, de direitos humanos e de partidos políticos. O encontro foi realizado na segunda-feira, 2.

Também na segunda, João Doria lamentou as mortes em Paraisópolis, mas eximiu os policiais de culpa. “A letalidade não foi provocada pela PM, e sim por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo o baile funk.” Os moradores do local negam essa versão.

Segundo a gestão, os PMs teriam sido afastados para ser “preservados”. Doria defendeu, ainda, operações contra bailes funks e disse que o plano de policiamento “não mudará” por causa do episódio. Entre os procedimentos, o manual antidistúrbio da PM recomenda que dispersão só seja feita quando houver rota de fuga e com aviso prévio. Também há determinação para que a polícia faça uso progressivo da força.

Smanio, entretanto, evitou comentar quais procedimentos o Ministério Público considera que poderiam ser aperfeiçoados. “É preciso apurar o que houve”, afirma. “A conclusão do Ministério Público só pode ser baseada em informações rigorosamente técnicas.”

Para o procurador-geral, a promotoria deve mediar a “melhor maneira” para que as pessoas “possam ter diversão” e a comunidade “ser respeitada”. “Mas também para que as pessoas do entorno possam ser respeitadas e que questões de criminalidade e tráfico de drogas possam ser investigadas”, diz.

Fonte: Estadão
Créditos: Estadão