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19 ANOS DE PRISÃO: João de Deus é condenado por crimes sexuais

O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, foi condenado na tarde desta quinta-feira (19), pela juíza Rosâgela Rodrigues, da comarca de Abadiânia, a 19 anos e quatro meses de prisão, por crimes sexuais cometidos contra quatro mulheres durante atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia.

Foi a primeira condenação de Faria por esse tipo de crime —ele está preso preventivamente há um ano, no Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia, e já foi condenado por posse ilegal de armas.

O médium foi denunciado 13 vezes pelo Ministério Público de Goiás, duas delas por posse ilegal de armas. As outras 11 envolvem 57 vítimas cujos crimes de abuso sexual não prescreveram.

Mais de 300 mulheres tiveram seus depoimentos tomados pelo MP e pela Polícia Civil, em casos de estupro que vão de 1973 a 2018.

João Teixeira de Faria, o João de Deus, nasceu em 1942, no vilarejo de Cachoeira da Fumaça (GO) e teria despertado para sua mediunidade aos 9 anos. Tendo como mentor o médium Chico Xavier, fundou, em 1976, o hospital espiritual Casa Dom Inácio de Loyola, na pequena cidade de Abadiânia (GO), onde realiza cirurgias espirituais em pessoas que, por alguma enfermidade, o procuram, vindas de diferentes lugares do Brasil e do mundo. Nesta foto de março de 1991, João realiza uma operação espiritual em um paciente. Foto: Ricardo Stuckert / Agência O Globo
João Teixeira de Faria, o João de Deus, nasceu em 1942, no vilarejo de Cachoeira da Fumaça (GO) e teria despertado para sua mediunidade aos 9 anos. Tendo como mentor o médium Chico Xavier, fundou, em 1976, o hospital espiritual Casa Dom Inácio de Loyola, na pequena cidade de Abadiânia (GO), onde realiza cirurgias espirituais em pessoas que, por alguma enfermidade, o procuram, vindas de diferentes lugares do Brasil e do mundo. Nesta foto de março de 1991, João realiza uma operação espiritual em um paciente. Foto: Ricardo Stuckert / Agência O Globo
Procurado por celebridades, autoridades públicas e uma legião de estrangeiros, João de Deus se viu enredado em uma série de denúncias de abuso sexual depois que a coreógrafa holandesa Zahira Lieneke relatou, em entrevistas ao "Conversa com Bial" e ao GLOBO, em dezembro, ter sido vítima de abuso sexual do médium Foto: Reprodução
Procurado por celebridades, autoridades públicas e uma legião de estrangeiros, João de Deus se viu enredado em uma série de denúncias de abuso sexual depois que a coreógrafa holandesa Zahira Lieneke relatou, em entrevistas ao "Conversa com Bial" e ao GLOBO, em dezembro, ter sido vítima de abuso sexual do médium Foto: Reprodução
Uma avalanche de depoimentos passou a surgir, o que totalizou mais de 240 denúncias feitas por outras mulheres ao Ministério Público, revelando os abusos e violências praticados pelo médium. Promotores de Goiás criaram uma força-tarefa para registrar as denúncias, recolher depoimentos e investigar os casos Foto: Reprodução
Uma avalanche de depoimentos passou a surgir, o que totalizou mais de 240 denúncias feitas por outras mulheres ao Ministério Público, revelando os abusos e violências praticados pelo médium. Promotores de Goiás criaram uma força-tarefa para registrar as denúncias, recolher depoimentos e investigar os casos Foto: Reprodução
Ativista que reuniu mulheres para denunciar João de Deus, Sabrina Bittencourt, cometeu suicídio, em fevereiro, segundo ONG 'Mulheres Unidas', organização na qual ela atuava, quando o médium já estava preso, acusado de abusos sexuais, posse ilegal de arma de fogo e corrupção de testemunhas Foto: Reprodução
Ativista que reuniu mulheres para denunciar João de Deus, Sabrina Bittencourt, cometeu suicídio, em fevereiro, segundo ONG 'Mulheres Unidas', organização na qual ela atuava, quando o médium já estava preso, acusado de abusos sexuais, posse ilegal de arma de fogo e corrupção de testemunhas Foto: Reprodução
João de Deus em 12 de dezembro de 2018 na casa Dom Inacio de Loyola, em Abadiânia, quatro dias antes de se entregar à polícia em Góias Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
João de Deus em 12 de dezembro de 2018 na casa Dom Inacio de Loyola, em Abadiânia, quatro dias antes de se entregar à polícia em Góias Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Em 16 de dezembro de 2018, o médium João de Deus se entregou à polícia. Ele era considerado foragido da Justiça desde o dia anterior. A Polícia Civil já havia feito buscas em mais de 30 endereços. Mais de 300 mulheres já haviam afirmado terem sido vítimas de assédio sexual Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Em 16 de dezembro de 2018, o médium João de Deus se entregou à polícia. Ele era considerado foragido da Justiça desde o dia anterior. A Polícia Civil já havia feito buscas em mais de 30 endereços. Mais de 300 mulheres já haviam afirmado terem sido vítimas de assédio sexual Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Cena do documentário 'João de Deus - O silêncio é uma prece', dirigido por Candé Salles e lançado em meados de 2018. O filme trata da vida e do trabalho do médium, incluindo, também, uma passagem sobre um câncer diagnosticado em 2015 e tratado com medicina convencional Foto: Divulgação
Cena do documentário 'João de Deus – O silêncio é uma prece', dirigido por Candé Salles e lançado em meados de 2018. O filme trata da vida e do trabalho do médium, incluindo, também, uma passagem sobre um câncer diagnosticado em 2015 e tratado com medicina convencional Foto: Divulgação
Atraindo milhares de visitantes todos os dias, a Casa Dom Inácio, comandada pleo médium João de Deus, movimenta a cidade de Abadiania, em Goias. Pousadas, restaurantes e comércios sobrevivem do público da instituição espírita. Na foto, João de Deus atende na Casa Dom Inácio de Loyola, em 6 de julho de 2018 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Atraindo milhares de visitantes todos os dias, a Casa Dom Inácio, comandada pleo médium João de Deus, movimenta a cidade de Abadiania, em Goias. Pousadas, restaurantes e comércios sobrevivem do público da instituição espírita. Na foto, João de Deus atende na Casa Dom Inácio de Loyola, em 6 de julho de 2018 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Queda do movimento de fiéis no centro de Abadiânia é visível nesta imagem registrada um mês após a prisão do médium João de Deus, acusado de abuso sexual e estupros durante os atendimentos espirituais Foto: Jorge William / Agência O Globo
Queda do movimento de fiéis no centro de Abadiânia é visível nesta imagem registrada um mês após a prisão do médium João de Deus, acusado de abuso sexual e estupros durante os atendimentos espirituais Foto: Jorge William / Agência O Globo

A promotoria de Goiás, que centraliza as denúncias, considera este o maior caso de abuso sexual do Brasil, quiçá do mundo, pelo espaço de tempo (45 anos) e número de vítimas (319), entre as prescritas e não prescritas registradas até agora pelo MP.

Estima-se que, somado este número ao de mulheres que não procuraram a Justiça — entre outras razões, por temer retaliações —, a quantidade de vítimas chegue a quatro dígitos.

João Teixeira de Faria nega os abusos. Em nota enviada ao GLOBO antes do resultado do julgamento desta quinta, o advogado de defesa Anderson Van Gualberto de Mendonça afirma que “João de Deus mantém a sua versão inicial sobre os fatos: não praticou crime sexual contra nenhuma mulher”.

Fama internacional

Famoso pela realização de “cirurgias espirituais”, João de Deus já atendeu políticos, celebridades e altos funcionários públicos do Brasil e do mundo e, desde 16 de dezembro de 2018, está preso preventivamente, após se entregar à Polícia Civil em uma estrada de terra em Abadiânia, no interior de Goiás.

A prisão aconteceu cerca de uma semana após o “Conversa com Bial”, da TV Globo, e O GLOBO mostrarem relatos de doze mulheres que diziam ter sido sexualmente abusadas pelo líder religioso.

Fonte: O Globo
Créditos: O Globo