natureza em chamas

Vulcão de Fogo volta a estremecer a Guatemala; há mais de 70 mortos

Uma forte explosão estremeceu novamente nesta terça-feira (5) as zonas devastadas pela erupção do Vulcão de Fogo na Guatemala, o que obrigou a interromper as operações de resgate pelo desastre, que deixou até o momento ao menos 73 mortos e milhares de pessoas evacuadas.

Sete comunidades foram esvaziadas nesta terça pelo aumento da atividade vulcânica, após o qual se suspenderam as operações de resgate, disse a jornalistas o porta-voz da Coordenadoria para a Redução de Desastres (Conred), David de León.

De León explicou que, segundo análises de especialistas, novamente poderiam ser registrados fluxos piroclásticos, formados por gases, cinzas e pedras que descem do cume de 3.763 metros de altura.

O aumento da atividade vulcânica provocou pânico na cidade de Escuintla, perto do vulcão, onde moradores entraram em seus automóveis para sair do lugar, provocando um caos no tráfego de veículos.

Um fotógrafo da AFP no local disse que se escutou um forte estrondo e depois uma grande coluna de cinzas se elevou pelos céus, o que obrigou as autoridades a evacuarem todas as pessoas que se encontravam nessa zona.

Foram retirados os socorristas, policiais e militares que realizavam tarefas de resgate de vítimas.
A busca se estenderá por vários dias, embora as autoridades tenham admitido que será quase impossível encontrar sobreviventes devido à natureza da erupção, que arrasou vários povoados próximos com uma avalanche de lava e cinzas no domingo passado.

“Vamos continuar até encontrarmos a última vítima, embora não saibamos quantas vítimas há. Mas vamos fazer buscas na área quantas vezes for preciso”, disse o diretor da Conred, Sergio Cabañas.

Uma mulher de 42 anos que tinha perdido as pernas e um braço após a erupção morreu no Hospital Geral San Juan de Dios, na capital, informaram suas autoridades. Outros quatro menores de idade queimados serão transferidos a um hospital especializado nos Estados Unidos.

O Inacif aponta que, até o momento, apenas 17 pessoas mortas puderam ser identificadas por meio “das impressões digitais e por características físicas”.

Além disso, a tragédia deixa 46 feridos, 3.271 evacuados e 1.877 abrigados nos departamentos de Escuintla (sul) e Sacatepéquez (oeste). Junto com o de Chimaltenango (oeste), estes são os mais afetados pela erupção vulcânica, segundo números da Conred.
Dificuldades

Cabañas reiterou que as autoridades não conseguiram estabelecer um número de desaparecidos e que, oficialmente, têm conhecimento de apenas dois socorristas. Mas as esperanças de encontrar sobreviventes se desvanecem.

“Se estiverem presos no fluxo piroclástico, é difícil encontrá-los com vida. Haverá, inclusive, pessoas que podem ter sido carbonizadas e que não será possível encontrar”, disse.

“Continuaremos enquanto for necessário e sempre observando as medidas de segurança”, acrescentou, referindo-se sobre possíveis desprendimentos nas encostas do vulcão, onde se acumulou uma enorme quantidade de sedimento.

Na segunda-feira à noite, o presidente Jimmy Morales reforçou que as tarefas de busca e resgate continuarão o tempo que for necessário.

A presidência anunciou que, nesta terça, o governo começará a definir o plano de ação para iniciar o mais rápido possível a tarefa de reconstrução das áreas devastadas
‘Repouso ativo’

O diretor do estatal Instituto de Vulcanologia, Eddy Sánchez, disse que, após a forte erupção de domingo, o vulcão liberou “muita energia” e entrou em uma fase de “repouso ativo”. Isso significa que, embora possa gerar explosões fortes, não chegariam “a ser catastróficas” nos próximos meses.

O papa Francisco ofereceu nesta terça-feira “orações por todos os que sofrem as consequências desse desastre natural”.

O vulcão de Fogo havia tido sua primeira erupção de 2018 em janeiro passado.
Além disso, provocou em setembro de 2012 a última emergência por erupção no país, causando a evacuação de cerca de 10.000 habitantes assentados em povoados ao sul do vulcão.

Na Guatemala, também estão ativos os vulcões Santiaguito (oeste) e Pacaya (20 km ao sul da capital).

Fonte: G1
Créditos: G1