O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quarta-feira (27) que os soldados russos precisam deixar a Venezuela dias depois do anúncio da chegada de um contingente militar russo a Caracas.
“A Rússia tem que sair”, disse Trump a repórteres durante uma reunião com Fabiana Rosales, mulher do líder da oposição e autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó.
Fabiana Rosales afirmou que o país enfrenta uma grave crise econômica e política. Ela afirmou que o chefe de gabinete de seu marido e familiares foram detidos, em uma tentativa de desestabilizar Guaidó.
Quando perguntado sobre o que ele faria para as forças russas saírem, Trump disse: “Vamos ver. Todas as opções estão abertas”.
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, que também estava no encontro, afirmou que eles enxergam a chegada dos aviões como uma “provocação indesejável”. Ele fez um apelo para que a Rússia “cesse todo o apoio ao regime de Maduro e se mantenha ao lado de Juan Guaidó”.
Aviões da Força Aérea
Dois aviões da Força Aérea da Rússia pousaram no sábado (23) no aeroporto de Maiquetia – o maior da Venezuela. Eles transportavam cerca de 100 militares russos, segundo a imprensa local. O regime de Nicolás Maduro confirmou que autorizou a chegada dos aviões, mas não deu mais detalhes.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse nesta terça-feira que a presença de “especialistas russos” na Venezuela é guiada por um acordo de cooperação técnico-militar entre os dois países, sem dar mais detalhes.
Rússia e Venezuela
A Rússia é um dos países que ainda reconhecem Nicolás Maduro como presidente legítimo da Venezuela. Os EUA, por outro lado, foram os primeiros a reconhecer o chefe da Assembleia Nacional e líder oposicionista Juan Guaidó como presidente interino.
No fim do ano passado – antes da disputa entre Guaidó e Maduro pela legitimidade no cargo – bombardeiros russos pousaram no mesmo aeroporto venezuelano para “exercícios de cooperação militar” entre Rússia e Venezuela, informou o regime chavista. As aeronaves tinham capacidade para transportar armas nucleares.
Dias antes, Maduro e o presidente russo, Vladimir Putin, haviam se reunido em Moscou. A reunião resultou na assinatura de contratos da ordem de US$ 6 bilhões em investimentos russos nas áreas de mineração e petróleo na Venezuela.
Guaidó acusa ‘violação à Constituição’
Na terça, Guaidó disse a congressistas na Assembleia Nacional que a chegada de militares russos à Venezuela é uma violação à Constituição.
“Parece que eles [o regime de Maduro] não confiam em seus militares”, ironizou Guaidó em discurso aos parlamentares. Segundo a lei, é o Parlamento que deve ou não autorizar missões militares estrangeiras na Venezuela.
“Eles não trouxeram geradores elétricos naqueles aviões, não trouxeram técnicos. Não. Trouxeram soldados estrangeiros para o solo nacional”, disse Guaidó, segundo a agência France Presse.
O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, defendeu, por sua vez, essa comitiva castrense em nome do governo de Maduro. “O apoio da Rússia à Venezuela se baseia em verdades, senso comum e respeito ao Direito Internacional”, escreveu no Twitter.