A primeira-ministra britânica Theresa May reunirá nesta sexta-feira seus ministros em sua casa de campo de Chequers para chegar a um acordo de uma vez por todas sobre a futura relação do Reino Unido com a União Europeia.
Os ministros terão que entregar seus celulares na chegada a esta mansão de 65 km de Londres em direção noroeste, relevou a imprensa britânica.
“O gabinete se reúne em Chequers hoje para acordar a futura relação com a União Europeia”, disse May em nota.
A reunião pode ser tempestuosa e deixar ainda mais em evidência as divisões entre os partidários de manter uma estreita relação comercial com a UE e os partidários de um divórcio sem concessões, sob o olhar vigilante de Bruxelas, que exige uma posição clara do Reino Unido nove meses antes da saída.
Além disso, a impaciência começa a tomar os sócios europeus, que estão acelerando os preparativos em caso de que na data prevista da saída, março de 2019, não haja acordo com o Reino Unido.
As empresas também estão contentes com uma falta de clareza que coloca em xeque os investimentos e os postos de trabalho.
O resultado da reunião poderia ter um grande impacto no futuro político de May, que dificilmente sobreviveria a uma grande rebelião nas filas conservadoras, diante de sua escassa maioria parlamentar.
Os ministros favoráveis à ruptura defenderão a chamada solução “de máxima facilitação”, que inclui o restabelecimento dos controles aduaneiros entre o Reino Unido e a UE, mas propõe depender de soluções tecnológicas – nunca vistas até agora – para manter a fluidez do comércio e evitar a congestão nas fronteiras e nos portos.
No grupo dos partidários da linha dura frente a Bruxelas estão o ministro de Relações Exteriores, Boris Johnson, o ministro do Brexit, David Davis, e o de Meio Ambiente, Michael Gove.
Do lado oposto, os ministros de Finanças, Philip Hammond, e da Indústria, Greg Clark, que querem uma solução “mais branda” que consistiria em uma nova e inédita associação aduaneira: o Reino Unido cobraria as tarifas de aduaneiras em nome da UE dos bens que transitem em seu território, mas tenham como destino o mercado europeu. Theresa May e sua equipe de Downing Street desejam uma solução de compromisso.
Antes desta reunião, a fabricante de automóveis Jaguar Land Rover (JLR) emitiu um alerta para May e seu governo. Outras grandes empresas que fizeram o mesmo nas últimas semanas, como BMW, Airbus ou Siemens, a JLR alertou que seria forçada a reduzir seus investimentos no Reino Unido se o Brexit envolver o restabelecimento de controles alfandegários com a UE.
“Nós e nossos fornecedores enfrentamos um futuro imprevisível se as negociações do Brexit não conseguirem manter relações comerciais com a UE sem tarifas alfandegárias e sem obstáculos e com acesso ilimitado ao mercado único”, disse seu CEO Ralf Speth, em um comunicado divulgado na noite de quarta-feira.
Formada pela fusão de duas marcas históricas de carros britânicos, a Jaguar Land Rover pertence ao grupo indiano Tata Motors.
Fonte: Exame
Créditos: AFP