A Alemanha poderá suspender a ajuda ao Fundo Amazônia se o Brasil não reverter o aumento do desmatamento registrado nos últimos dois anos.
Esta é a mensagem que o principal negociador de mudança climática da Alemanha, Karsten Sach, transmitiu a altos integrantes do governo brasileiro com quem se reuniu em visita a Brasília iniciada nesta segunda-feira.
“A Alemanha continuará contribuindo ao Fundo Amazônia somente se os índices de desmatamento diminuírem”, disse Sach, em entrevista à Bloomberg em Brasília. “Para continuar gastando dinheiro público, precisamos ter certeza de que os resultados são reais.”
A cobrança da Alemanha surge dias após a Noruega anunciar, em plena visita do presidente Michel Temer a Oslo, um corte de 50% nos repasses ao Fundo Amazônia, criado em 2008 para captar recursos destinados à conservação da floresta e prevenção do desmatamento.
Autoridades norueguesas, que doaram US$ 97 milhões ao fundo em 2016, atribuíram a decisão ao aumento do desmatamento no Brasil após oito anos em que prevaleceu melhora nos dados da preservação amazônica.
De agosto de 2015 a julho de 2016, a derrubada da floresta aumentou em 29%, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A Alemanha, que já contribuiu com mais de US$ 28 milhões, é o segundo maior doador após a Noruega.
Sach, que tem agenda de encontros no palácio do Planalto e nos ministérios da Fazenda e Minas e Energia, entre outros, afirmou trabalhar em “estreita sintonia” com a Noruega.
“A decisão dos noruegueses foi puramente mecânica: se o desmatamento é maior do que o esperado, as remessas baseadas em performance serão menores. E se o governo brasileiro conseguir cortar o desmatamento, então o pagamento voltará a subir.”
O representante do governo alemão disse entender que existem pressões contra Temer por parte de influentes lobbies ruralistas, mas ressaltou que políticas ambientais e desenvolvimento sustentável são compatíveis com crescimento econômico.
“A crise e os cortes no orçamento trazem uma oportunidade de o Brasil buscar soluções inovadoras no uso de seus recursos naturais”, afirmou Sach.
Fonte: Exame