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Rússia e Ucrânia começam reunião para negociações em Belarus

Começou nesta segunda-feira (28), por volta das 8h (horário de Brasília), uma reunião entre delegações da Ucrânia e da Rússia em Belarus para tratar sobre o conflito na região. Nenhum dos dois presidentes envolvidos na guerra participam do encontro, que não tem hora para acabar. Na reunião, a Ucrânia exigirá um cessar-fogo “imediato” e a retirada das tropas russas. A Rússia não quis revelar sua posição antes do encontro.

Hoje, a invasão russa à Ucrânia entrou no quinto dia. A capital, Kiev, e a segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv, amanheceram com explosões, segundo relatório do serviço estatal de informação do país. As Forças Armadas ucranianas, porém, dizem que o Exército russo parece ter diminuído o ritmo da ofensiva, quando são aguardadas negociações entre as duas nações.

Reunião

As conversas entre os dois países ocorrem em Belarus depois que as tropas russas enfrentaram forte resistência ucraniana e após as sanções em massa impostas à Rússia pelas potências ocidentais.

Do lado russo, a missão diplomática é liderada pelo conselheiro do Kremlin, Vladimir Medinski. A Ucrânia enviou seu ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, que chegou vestido com uniforme militar.

“Podem se sentir completamente seguros”, declarou o ministro bielorrusso das Relações Exteriores, Vladimir Makei, ao recebê-los.

Essas conversas acontecem em uma das residências do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko —aliado do presidente russo, Vladimir Putin—, na região de Gomel, perto da fronteira com a Ucrânia.

O principal negociador russo, Vladimir Medinski, afirmou que seu país “busca um acordo”. Sem participar presencialmente do encontro, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky se mostrou cético sobre o encontro em pronunciamento hoje. “Como sempre, realmente não acredito no resultado da reunião, mas deixe que tentem”, declarou.

As negociações e o conflito estão marcados pela ameaça apresentada no domingo por Putin, que ordenou que as forças de dissuasão nuclear sejam colocadas em alerta máximo.

O governo dos Estados Unidos classificou a ordem de Putin como “totalmente inaceitável” e o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, chamou a atitude de Moscou de “irresponsável”.

Momento “crucial”

Com a tensão na região, a Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) também terá uma reunião de emergência nesta segunda. O presidente ucraniano disse que as próximas 24 horas serão “cruciais” para o país. Nesta segunda, Zelensky divulgou uma mensagem para os soldados russos, falando para que deixem a Ucrânia.

“Abandonem seu equipamento, saiam daqui. Não acreditem em seus comandantes, não acreditem em seus propagandistas. Apenas salvem suas vidas”, afirmou em russo. Zelensky também pede que a UE (União Europeia) “admita urgentemente” a entrada da Ucrânia no bloco.

Segundo a ONU, ao menos 102 civis foram mortos no conflito, que também já deixou 422 mil refugiados.

Quinto dia de ataques

Antes das detonações, Kiev e Kharkiv haviam permanecido algumas horas sem registrar explosões. Nos ataques em Kharkiv, ao menos duas pessoas foram mortas, segundo o governo ucraniano. Já na capital, em uma área próxima a uma ponte queimada, era possível observar granadas não detonadas, veículos atingidos e corpos de soldados russos após um ataque que foi repelido por forças ucranianas.

De acordo com a agência Interfax, tropas russas estariam avançando a partir da cidade ucraniana de Cherson em direção a Mikolaiv, no sul do país.

Um prédio residencial em Chernigov, a cerca de 144 quilômetros de Kiev, ficou em chamas após ser atingido por um míssil. Segundo o jornal ucraniano The Kyiv Independent, uma mulher ficou ferida devido ao incêndio. As chamas foram controladas e não há relatos de mortos no local.

As sirenes com alertas para ataques aéreos também soaram em várias outras cidades do país, como Cherkasy, Dnipro, Luhansk e Zhytomyr. Em todos os casos, a recomendação é a mesma: os moradores devem se dirigir ao abrigo mais próximo.

Reunião na ONU

A convocação da Assembleia-Geral foi decidida na noite de domingo (27) pelo Conselho de Segurança da ONU, com maioria de 11 dos 15 membros do grupo. A Rússia se pronunciou contra o encontro. China, Índia e os Emirados Árabes Unidos se abstiveram.

Países ocidentais esperam que grande parte dos 193 países-membros da ONU condenem a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia, tornando visível o isolamento internacional da liderança russa. Reuniões de emergência da Assembleia-Geral da ONU são raras. Desde 1950, houve apenas dez encontros do gênero.

Atenção sobre o vizinho

País que faz fronteira com a Ucrânia, Belarus viu seu presidente, Alexander Lukashenko, ganhar mais poder após um controverso referendo no domingo para mudar a Constituição do país. 65% das pessoas que participaram da votação se disseram a favor da eliminação do status de “não nuclear” do país.

Se entrar em vigor, a decisão permitirá armas nucleares em Belarus pela primeira vez desde que o país devolveu à Rússia as ogivas que herdou após a queda da União Soviética, em 1991.

A mudança dá a Lukashenko imunidade vitalícia contra processos e punições. Lukashenko governa o país desde 1994, sendo conhecido como “o último ditador da Europa”.

Belarus, vizinho de Kiev e de Moscou, apoia a invasão russa da Ucrânia e permitiu que tropas de Moscou usassem seu território como base para atacar a Ucrânia pelo norte.

O Japão considera impor sanções também a Belarus, aliado da Rússia, depois de já ter adotado restrições contra Moscou em linha com as ações de parceiros de Tóquio, como os Estados Unidos. O premiê japonês, Fumio Kishida, afirmou nesta segunda-feira que seu governo deverá tomar uma decisão em breve.

Sanções da UE em vigor

As sanções da UE ao Banco Central russo entraram em vigor na madrugada desta segunda-feira. Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, as restrições incluem uma proibição de transações com o instituto financeiro.

Além disso, todos os patrimônios do banco na UE deverão ser congelados para impedir o financiamento da guerra do presidente russo Vladimir Putin contra a Ucrânia. As sanções são consideradas tão pesadas quanto a exclusão de instituições financeiras russas da rede de comunicações bancárias Swift.

Ontem (27), a UE concordou em conceder 450 milhões de euros —cerca de R$ 2,6 bilhões— para financiar o fornecimento de equipamento militar letal à Ucrânia, e outros 50 milhões de euros —R$ 288 milhões— para equipamento não letal, como combustível e equipamento de proteção.

Segundo o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, o montante será coberto pelo Fundo Europeu para a Paz e pelo fundo intergovernamental, que conta com 5 bilhões de euros para usar entre 2021 e 2027 e é financiado pelos Estados membros, não pelo orçamento da UE.

O chefe da diplomacia europeia salientou que esta é “a primeira vez na história” que a UE vai financiar conjuntamente este tipo de equipamento, para o que “todos concordaram ou, pelo menos, não obstruíram esta decisão”.

Borrell também disse que a Polônia, país que faz fronteira com a Ucrânia, se ofereceu como centro logístico para montar o equipamento antes de sua entrega aos ucranianos, e acrescentou que, hoje, os ministros de Defesa do bloco se reúnem para discutir os detalhes.

 

Fonte: Uol
Créditos: Uol