O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, de 83 anos, renunciou nesta terça-feira 14 ao cargo de senador alegando motivos pessoais e “cansaço”. Ex-guerrilheiro durante a ditadura militar em seu país e preso político por catorze anos, Mujica é uma das figuras mais originais da política uruguaia.
“Os motivos são pessoais, eu diria cansaço de longa viagem”, afirmou o senador na sua carta de renúncia, endereçada à presidente do Senado, Lucia Potolansky, com quem é casado desde os anos 1970.
O documento sublinha que, por ser uma renúncia voluntária, não é legal continuar a receber o salário de parlamentar, uma vez que já está aposentado. Mujica também se valeu da carta para “pedir desculpas muito sinceras” se alguma vez, “no calor dos debates”, feriu “pessoalmente algum colega”.
Além disso, o político ressalta na carta que, enquanto sua mente funcionar, não desistirá “da solidariedade e da luta por ideais”.
Mujica foi eleito para o Senado, depois de ter ocupado a Presidência entre 2010 e o 2015. Como chefe de Estado e senador, apoiou o casamento entre homossexuais, a legalização da maconha e do aborto, o acolhimento de ex-detentos em Guantánamo, entre outras medidas progressistas.
Em 6 de agosto, o ex-presidente antecipou que pensava em deixar seu assento no Parlamento porque queria tirar uma “folga” antes de morrer, dada sua avançada idade.
“Vejo que tenho 83 anos e vou me aproximando da morte. Quero tirar uma folga antes de morrer, simplesmente, porque estou velho”, ressaltou Mujica.
O ex-presidente seguiu coerentemente as fileiras da esquerda em toda a sua vida política. Ainda é um dos políticos da região que defende o Partido dos Trabalhadores (PT), no Brasil, e seu líder Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção. Também continua a ser um aliado dos regimes bolivarianos.
Simpático e bonachão, Mujica sempre apresentou-se como um homem simples, do campo. Dispensou seguranças durante sua Presidência, e preferiu continuar a viver em seu sítio, próximo de Montevidéu. No sítio, onde ainda vive com a senadora Potolansky cuidou da cadela Manuela, que tinha três patas, até a sua morte neste ano.
Fonte: UOL
Créditos: UOL