Uma reportagem do jornal francês Le Parisien publicada nesta sexta-feira (25) revelou uma investigação realizada pelos policiais franceses iniciada em outubro, mostrando que idosos adquiriam on-line um medicamento usado nos corredores da morte das prisões americanas. O objetivo: poder acabar com a própria vida quando desejassem.
Os policiais franceses estão investigando o caso há três meses, revela o jornal francês. Tudo começou com uma denúncia feita nos Estados Unidos, depois do desmantelamento de uma plataforma americana de expedição, onde foram encontrados pacotes do medicamento que seriam despachados para a França.
Desde então, os detetives tentam descobrir quem são as pessoas que encomendaram o produto pela internet. Uma investigação preliminar, aberta em julho pelo setor de Saúde Pública da Promotoria de Paris, permitiu a identificação de 125 idosos. No total, 134 frascos do Nembutal, um barbitúrico que a forte dose provoca uma parada cardiorrespiratória, foram confiscados.
Os compradores, revela Le Parisien, têm o mesmo perfil: são idosos, muitas vezes vítimas de doenças graves e quase sempre membros de associações pro-eutanásia. Uma delas é a Ultime Liberté, ou Liberdade Última em tradução literal, que assume ter aconselhado os idosos que buscavam informações sobre como adquirir o medicamento. Sua presidente, Claude Hury, se defende e diz que não fez nada ilegal. Ela garante não ter incentivado os membros a comprar o Nembutal ou encomendado o remédio.
A investigação ainda continua, e, por hora, não nouve nenhum indiciamento, explica Le Parisien. Comprar o medicamento pela Internet, entretanto, é um crime passível de sete anos de prisão e € 750 mil de multa, o equivalente a cerca de R$ 3,5 milhões. Caso uma pessoa tenha adquirido o produto para ajudar alguém a morrer, a pena pode chegar a 30 anos de detenção.
“Morrer sem sofrer”
A reportagem do Le Parisien entrevistou idosos que compraram o Nembutal e defendem sua escolha. É o caso do ex-professor de matemática Bernard Guely, que assume ter comprado um frasco on line, mesmo não sendo exatamente um adepto das novas tecnologias. “Eu vi minha mulher morrer de um câncer entubada, se eu puder, quero partir sem sofrimento”, declara. Ele escondeu o remédio na casa de um amigo.”Ter esse produto à diposição traz uma sensação de segurança”, explica.
Suzy Zahn, 80 anos, especialista em Astrofísica, contou ao jornal francês que a polícia realizou uma operação de busca e apreensão na sua casa. Para ela, é uma questão filosófica. A francesa integra uma associação pro-eutanásia e disse que ela e seu marido haviam decidido, há 30 anos, que morreriam juntos. Ele acabou sendo vítima de uma doença degenerativa e morreu há cinco anos. “Eu prefiro fazer isso antes de ficar num estado muito ruim.”
Fonte: BOL
Créditos: Polêmica Paraíba