O papa Francisco revelou que conhece, mas não lê os sites e blogs católicos que o acusam de heresia por conta da publicação da exortação “Amoris laetitia” (“A Alegria do Amor”) para manter “a saúde mental”.
“Pela minha saúde mental, eu não leio os sites dessa chamada ‘resistência’. Sei quem são, conheço os grupos, mas não os leio, simplesmente, por minha saúde mental. Algumas resistências vêm de pessoas que acreditam ser possuidoras da verdadeira doutrina e te acusam de ser um herege. Quando nessas pessoas, que dizem ou escrevem, não encontro boa espiritualidade, eu simplesmente rezo por elas”, disse em um encontro com religiosos.
A revelação foi feita nesta quinta-feira (15) pelo padre Antonio Spadaro e será divulgado na próxima edição da revista “La Civiltà Cattolica”. Ela foi antecipada pelo jornal “Corriere della Sera” ao falar sobre uma reunião realizada pelo Pontífice com jesuítas durante sua viagem ao Chile, em 16 de janeiro. A matéria completa será publicada neste sábado (17).
Em setembro do ano passado, um portal chamado de “Correctio Filialis” publicou um extenso documento em que acusava o líder católico de “cometer sete heresias” ao divulgar sua exortação.
O site foi colocado no ar por cerca de 40 clérigos católicos e acadêmicos leigos como uma forma de pressionar o argentino a “corrigir” o texto, já que ele não respondeu a uma carta com questionamentos feita por cardeais. O grupo é da ala mais conservadora da Igreja Católica e que faz críticas públicas ao Papa por conta de sua abertura tanto para os fiéis como para outras religiões.
Em outro trecho revelado pelo jornal, Jorge Mario Bergoglio afirma que “as resistências depois do [Concílio] Vaticano II, apresentadas até agora, tinham esse significado: relativizar e afundar o Concílio”.
“Perante às dificuldades não digo jamais que há uma ‘resistência’ porque significaria renunciar a discernir, coisa que eu pretendo sempre fazer. É fácil dizer que há resistência e não perceber que naquele contraste pode ter um pouquinho de verdade. Isso me ajuda a relativizar muitas coisas que, a primeira vista, parecem resistências, mas são reações que nascem de outro entendimento”, ressaltou.
Ao falar sobre algumas das principais críticas, especialmente, na relação com os pobres, Bergoglio voltou a reforçar sua visão de como a Igreja Católica deve ser.
“Para nós, o Senhor está pedindo para sermos uma Igreja em movimento, um hospital de campo. Uma Igreja pobre para os pobres! Os pobres não são uma fórmula teórica do partido comunista, são o centro do Evangelho! É nessa linha que sinto que estamos levando o Espírito Santo”, destaca o Sumo Sacerdote.
“Há fortes resistências, mas para mim, o fato de que elas estejam nascendo é sinal de que estamos indo na linha certa. De outra maneira, o demônio não iria fazer questão de ter resistência”, disse ainda ao jornal.
Ao longo da conversa, o líder católica falou da “paz” que caracteriza o seu Pontificado, se mostrou triste ao falar das “fofocas” no interior da entidade religiosa, e definiu como uma “vida triste” aquela dos religiosos que se dedicam a propagar as fofocas.
Sobre os abusos sexuais dentro da Igreja Católica, ele afirmou que essa “é a maior desolação que a Igreja está enfrentando”.
Fonte: Jornal do Brasil
Créditos: Jornal do Brasil