PANDEMIA

NOVA QUARENTENA: Mesmo após vacinação, número de casos de Covid-19 dobra na Europa e países estudam reimpor medidas de isolamento social

Um grupo especialistas, que vem monitorando a pandemia, recomendou nesta quinta-feira, (11), a imposição da primeira quarentena na Europa Ocidental desde o verão no Hemisfério Norte, no meio do ano, pressionando o governo a tomar medidas impopulares para combater o aumento da Covid-19. Além da Holanda, também há sinais de que a Alemanha e a Áustria podem reimpor medidas de isolamento social e de reforço ao combate ao vírus em breve.

O fortalecimento do enfrentamento ao coronavírus nos países europeus demonstra a dificuldade de se conter a rápida propagação da doença, mesmo após a introdução da vacina. Embora a maior parte dos que ficam doentes não tenha se vacinado, ainda assim o número de infecções, impulsionado por mais reuniões em espaços fechados em função do frio do outono, é alto o bastante para sobrecarregar sistemas de saúde.

As novas infecções por coronavírus na Holanda, país de 17,5 milhões, praticamente dobraram na última semana, para mais de 400 casos por 100 mil habitantes, e estão tão altas quanto nas piores semanas de dezembro do ano passado. Nesta quinta-feira, houve um recorde de casos de cerca de 16.300 em 24 horas.

As medidas sob consideração incluem o cancelamento de eventos, o fechamento de teatros e cinemas e o fechamento antecipado de cafés e restaurantes, informou o canal NOS. As escolas permaneceriam abertas.

O Gabinete do primeiro-ministro interino, Mark Rutte, deve decidir na sexta-feira sobre as medidas. Após a quarentena parcial de cerca de duas semanas, a entrada em locais públicos deve ficar restrita a pessoas que foram totalmente vacinadas ou que se recuperaram recentemente de uma infecção por coronavírus, de acordo com o conselho.

Embora a taxa de vacinação de adultos holandesa seja alta, de quase 85%, hospitais em partes do país precisaram reduzir o atendimento regular para tratar pacientes com coronavírus. Em outubro, 56% dos pacientes holandeses hospitalizados com Covid-19 em hospitais e 70% daqueles em terapia intensiva não estavam vacinados ou tinham sido apenas parcialmente vacinados.

Os pacientes com Covid-19 não vacinados em hospitais holandeses tinham uma idade média de 59 anos, em comparação com 77 anos para os pacientes vacinados, mostraram dados fornecidos pelo Instituto de Saúde da Holanda (RIVM).

Até agora, a Holanda forneceu vacinas de reforço a um pequeno grupo de pessoas com sistema imunológico fraco. A terceira dose da vacina começará a ser oferecidas a pessoas com 80 anos ou mais em dezembro, e o governo pretende que ela pouco depois esteja disponível para qualquer pessoa com mais de 60 anos.

Preparação para o inverno
Na Alemanha, o provável novo chanceler, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), afirmou que o governo “precisa preparar o país para o inverno”.

Membros da provável coalizão tríplice — que, além do SPD, inclui Os Verdes e Partido Liberal Democrático (FDP) — propuseram uma lei que permite que as medidas de higiene existentes, como uso obrigatório de máscaras em espaços públicos fechados, sejam aplicadas e reforçadas, sem contudo determinar quarentenas e toques de recolher como os adotados em surtos anteriores.

Os partidos também querem reabrir os centros de vacinação e restabelecer os testes gratuitos para a Covid-19, disse Scholz em um discurso que abriu o debate sobre a lei no Parlamento.

Os testes gratuitos foram descontinuados em uma tentativa de incentivar mais cidadãos a tomarem as vacinas contra o vírus. Mesmo assim, o nível de vacinação caiu em cerca de 67% nas últimas semanas.

“O vírus ainda está aqui e ameaça a saúde de nossos cidadãos”, disse Scholz, atual ministro das Finanças e vencedor das eleições em setembro, no debate. “Portanto, é muito, muito importante que tomemos todas as medidas para garantir que possamos proteger sua saúde.”

Ele disse ser favorável a medidas como exigir que os locais de trabalho verifiquem se os funcionários foram vacinados, se recuperaram há pouco ou se fizeram teste de resultado negativo para o vírus.

Scholz disse que os trabalhadores em lares de idosos devem fazer o teste diariamente para evitar a tragédia das ondas do passado. As vacinas não são obrigatórias para os trabalhadores de cuidados de saúde e domicílios na Alemanha, ao contrário de muitos outros países europeus.

O governo federal e os líderes dos 16 estados da Alemanha se reunirão na próxima semana para discutir novas medidas para enfrentar a pandemia, disse Scholz, que deve ser eleito chanceler no início de dezembro se as negociações da coalizão forem bem-sucedidas.

A autoridade de saúde pública da Alemanha, o Instituto Robert Koch, relatou um recorde de 50.196 novos casos de COVID-19 na quinta-feira, o quarto dia consecutivo em que registrou uma nova alta diária.

A quarta onda de Covid-19 da Alemanha já está sobrecarregando a capacidade de alguns hospitais, levando os médicos a dizer que terão que adiar cirurgias programadas.

Em termos de mortes, a quarta onda do país ainda permanece abaixo dos picos anteriores em abril de 2020, janeiro de 2021 e abril de 2021. O Instituto Robert Koch relatou na quinta-feira 235 novas mortes, contra 165 há uma semana.

Na Áustria, o chanceler Alexander Schallenberg afirmou que o país deve impor medidas de distanciamento pessoas que não estão totalmente vacinadas contra a Covid-19 em “questão de dias”.

A rejeição às vacinas é alta no país. Cerca de 65% dos austríacos estão totalmente vacinados contra o coronavírus, a taxa mais baixa de qualquer país da Europa Ocidental, exceto Liechtenstein, de acordo com dados do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças.

Sob um plano governamental de setembro, uma vez 30% dos leitos de terapia intensiva estejam ocupados por pacientes com Covid, as pessoas não vacinadas têm restrito o seu direito de ir e vir, com bloqueios. O nível atual de ocupação é de 20% e está aumentando rapidamente.

“De acordo com o plano incremental, temos apenas alguns dias até que tenhamos que introduzir o bloqueio para pessoas não vacinadas”, disse o conservador Schallenberg, acrescentando que a taxa de vacinação da Áustria é “vergonhosamente baixa”.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: O Globo